Por Samy Adghirni.
Se eleito, o tucano Geraldo Alckmin adotará políticas para que o Brasil exporte café, cacau e soja com algum diferencial e não apenas a matéria prima, disse a candidata a vice-presidente da república na chapa do PSDB, Ana Amélia (PP).
“Há países sem sequer um pé de café mas que têm marcas globalizadas que mais vendem cafés no mundo, como Starbucks e Nespresso”, disse à Bloomberg numa entrevista em seu gabinete em Brasília. “Como a Europa e os EUA conseguem vender tanto café sem produzi-lo? Com valor agregado”.
A senadora gaúcha afirmou que o Brasil já produz cafés especiais de alta qualidade, mas em volumes muito abaixo do potencial de mercado. Ela também cita a soja, “que vai do biodiesel aos produtos de beleza e limpeza”, e o cacau como itens nacionais capazes de trazer mais renda ao país.
Ana Amélia é parte da base de mobilização política do agronegócio, setor que responde por 44% das exportações e um quinto do PIB do Brasil. A força do setor se reflete na atenção que recebe de alguns candidatos à presidência. Líder nas pesquisas, o deputado e ex-capitão do Exército promete, assim como Ana Amélia, facilitar a posse de armas no campo, atendendo à crescente preocupação dos agricultores com a violência. Além da chapa PSDB-PP, a candidatura de Ciro Gomes, pelo PDT, também optou por alguém ligado ao agronegócio como vice: a senadora Kátia Abreu, recém chegada ao partido. O mesmo vale para o candidato do governo, Henrique Meirelles, que anunciou a escolha de Germano Rigotto, ex-governador do Rio Grande do Sul, como companheiro de chapa.
Para atingir seu potencial, disse Ana Amélia, o agronegócio também precisa superar a pressão dos ambientalistas, por quem diz ter “o maior respeito”, mas que chama de “sonhadores” por não entenderem a necessidade de usar defensivos agrícolas na proteção das lavouras. “Você acha que as empresas gastariam tanto tempo e dinheiro para fazer um produto inseguro?”, disse a candidata a vice quando questionada sobre os fabricantes de defensivos. Militantes ambientalistas dizem que o agronegócio no Brasil abusa de substâncias tóxicas que prejudicam a natureza e a saúde do consumidor.
A senadora, que também defende estimular o transporte fluvial para desafogar estradas, se disse em sintonia com Alckmin em questões econômicas e agrícolas. Mas afirma que os detalhes do programa de governo ainda serão tratados com o candidato tucano nos próximos dias. Até o momento, ela disse ter conversado pessoalmente a sós com ele sobre propostas por menos de uma hora, na semana passada, quando o tucano formalizou o convite para compor a chapa.
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