Por Stephanie Bodoni e Ian Wishart com a colaboração de Esteban Duarte, Radoslav Tomek, Kati Pohjanpalo,Andra Timu, Boris Groendahl, Birgit Jennen, Ott Ummelas, Slav Okov, Marek Strzelecki, Milda Seputyte, Niklas Magnusson, Joao Lima, Aaron Eglitis, Joost Akkermans, John Follain, Nikos Chrysoloras, Paul Tugwell, Peter Levring, Dara Doyle, Sotiris Nikas e Raine Tiessal.
O Reino Unido não deveria perder a esperança de incluir os serviços financeiros em seu acordo comercial final com a União Europeia. Uma pesquisa da Bloomberg com os 27 governos restantes da UE revela divergências de opinião.
Quase todas as capitais da UE consideram que manter a unidade do bloco é sua principal prioridade, mas algumas delas adotam uma postura mais branda em relação aos serviços financeiros do que a expressada por Michel Barnier, principal negociador da UE no Brexit. Barnier disse que não pode haver acesso fácil ao mercado comum do bloco para as instituições financeiras do Reino Unido porque isso nunca foi incluído em acordos comerciais anteriores da UE e equivaleria a permitir que o Reino Unido “escolha” os melhores aspectos da adesão à UE.
“Eu concordo com o princípio de que não pode haver escolhas, mas ainda acho que devemos abster-nos de um pensamento ortodoxo ou binário”, disse o primeiro-ministro do Luxemburgo, Xavier Bettel, à Bloomberg. “Minha principal prioridade seria limitar o impacto negativo para ambos os lados. Será necessário pragmatismo em ambos os lados dessas negociações.”
Os comentários de Bettel são mais brandos que os de qualquer outro líder da UE. Os serviços financeiros parecem ser um dos assuntos mais controversos das negociações, porque o Reino Unido exige um acordo generoso e a UE não deixa de reiterar que as condições impostas pelo Reino Unido – como o fim da livre circulação de trabalhadores da UE e a resistência ao controle do Tribunal de Justiça Europeu – o tornam impossível.
Ambos os lados
Nos últimos dias, no entanto, autoridades alemãs levantaram a possibilidade de uma abordagem mais flexível, e afirma-se que os ministros da Economia da Espanha e da Holanda concordaram em apoiar um acordo do Brexit que mantenha o Reino Unido o mais próximo possível da UE. Ainda assim, como o Reino Unido precisa obter um acordo com a UE como um todo, é crucial para ambos os lados que os 27 países tenham uma posição unificada.
A indústria de serviços financeiros “é um setor complexo do ponto de vista jurídico e técnico. É difícil dizer exatamente como ela pode ser abordada em um novo relacionamento”, afirmou a ministra sueca da UE, Ann Linde. “Como o governo do Reino Unido tem a intenção declarada de abandonar o mercado interno, não esperamos a situação do status quo” após o Brexit, disse ela.
As empresas de serviços financeiros não estão esperando o resultado das negociações e já implementam seus planos de contingência. Elas querem ter escritórios prontos na UE quando o Reino Unido sair do bloco, em março de 2019.
Muito dependerá das negociações sobre o relacionamento futuro, que deverão começar em março e finalizar em outubro. É provável que o trabalho sobre o acordo comercial mais detalhado prossiga depois que o Reino Unido sair da UE, durante um período de transição previsto para terminar no final de 2020, embora do lado do Reino Unido haja quem deseje que todo o acordo seja concluído antes. Os negociadores vão explorar o quanto o Reino Unido vai divergir das regras e dos padrões da UE em todos os setores.
“Do meu ponto de vista, e quando ouço nossa indústria e nossos empresários, a maioria ficaria feliz em continuar o mais perto possível do status quo atual”, disse Bettel. “No entanto, isso não será possível em todos os âmbitos.”
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