Por Kate Krader.
Em uma tarde comum de fim de semana, a espera por uma mesa no Saraghina, que fica na vizinhança Bedford-Stuyvesant, no Brooklyn, é de uma hora, no mínimo. A pizzaria de estilo napolitano, que fica em uma esquina atrás de uma despretensiosa fachada de madeira pintada de preto, se especializa em sabores como prosciutto com cogumelos salteados e Salsiccia, que inclui linguiça caseira de porco. Do lado de fora, a multidão reflete uma região cada vez mais valorizada, com uma mistura entre antigos moradores e jovens que chegaram há pouco no bairro. Olhando com mais atenção, dá para ver também mais um grupo nessa mistura, um grupo que representa outra característica cada vez mais evidente do local: um fluxo constante de turistas estrangeiros, com guias na mão, à espera da pizza. Muitos são hóspedes dos inúmeros imóveis do bairro listados no Airbnb, e o Saraghina é uma de suas principais atrações.
Amantes da pizza de outras partes da cidade de vez em quando vão comer no Saraghina. O New York Times fez uma crítica do restaurante, que às vezes também aparece em uma longa lista de lugares da cidade onde comer pizza. Mas, essencialmente, o Saraghina é sinônimo de um lugar de bairro; a maioria de seus clientes são pessoas que não se deslocaram de longe para chegar ali, pelo menos não naquele dia.
O Saraghina vem à mente com o lançamento de um novo relatório do Airbnb que conclui que seus hóspedes geraram a impressionante cifra de US$ 4,5 bilhões para restaurantes do mundo inteiro. Desse total, US$ 1,5 bilhão foi gasto em 19 cidades importantes dos EUA, como Austin e San Diego. De acordo com o relatório, que se baseia em uma pesquisa anual sobre os hábitos de consumo dos clientes durante os últimos 12 meses, os hóspedes desembolsaram em média entre US$ 50 e US$ 90 em restaurantes. Você pode se perguntar se esse número seria o mesmo para os turistas que se hospedam em hotéis e, por isso mesmo, têm mais dinheiro para gastar — mas o Airbnb estima que 56 por cento de seus usuários gastam mais em alimentação e compras por terem economizado dinheiro usando o site. Além disso, a empresa concluiu que 42 por cento dos hóspedes gastam dinheiro nos bairros onde se hospedam. As cidades em que os hóspedes mais gastaram em restaurantes foram Nova York (US$ 470 milhões), Los Angeles (US$ 236 milhões), São Francisco (US$ 107 milhões) e Chicago (US$ 93 milhões). Tem também Oahu (US$ 41 milhões) e a costa leste da Califórnia (US$ 47 milhões). Até Cleveland se beneficiou (US$ 3 milhões em receita para restaurantes).
“Temos muitos clientes que são hóspedes do Airbnb. Temos muita sorte”, conta Evrotas Volman, gerente-geral do Saraghina. Mas ele também indica um contra-argumento ao relatório do Airbnb, porque afirma que as pessoas frequentam o Saraghina de qualquer jeito, independente do Airbnb. “Também tem muitas pousadas nesse bairro”, diz Volman. “Estamos completamente cercados de edifícios lindos que foram reformados. Alguns deles estão no Airbnb; outros são pousadas tradicionais. Temos muitos clientes de ambos.”
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.