Por Olivia Zaleski.
Ao voltar suas atenções para a América Latina, o sempre combativo Airbnb está adotando uma abordagem incomum: dar aos governos locais o que eles querem.
A empresa de locação de casas e apartamentos informou que vai recolher e remeter impostos na Cidade do México, primeiro acordo do tipo na América Latina. O Airbnb destinará 3 por cento das receitas geradas com reservas na Cidade do México para a prefeitura. Os hotéis locais também pagam um imposto sobre alojamentos de 3 por cento às autoridades locais. O Airbnb informou que pretende replicar o modelo tributário em toda a região.
A América Latina é atualmente o mercado de mais rápido crescimento do Airbnb, superando o Japão. A companhia possui 250.000 propriedades listadas na região, que engloba México, América do Sul e partes do Caribe, incluindo Cuba. O Airbnb informou que as reservas na América Latina subiram 148 por cento nos últimos 12 meses. A empresa de capital fechado preferiu não revelar suas receitas.
O Airbnb está adotando uma postura cordial em relação às autoridades para evitar grandes conflitos. A empresa concordou em divulgar impostos em nome de seus anfitriões nas cidades de Nova York, São Francisco e outras, mas o fez só após longas batalhas com as autoridades, em alguns casos nos tribunais. Neste mês, o Airbnb resolveu uma ação judicial com São Francisco e fechou acordo para registrar os anfitriões de Nova York em uma base de dados estadual. Mas a companhia continua confrontando as autoridades em Barcelona, em Miami, no Sul da Califórnia e em outros lugares devido a questões relacionadas a hospedagem.
Chris Lehane, chefe de políticas do Airbnb, afirmou que a companhia planeja adotar uma abordagem amigável na América Latina. A empresa atualmente discute acordos similares ao da Cidade do México com as prefeituras de Buenos Aires e de São Paulo. “Isto é só o começo”, disse ele. “Estamos preparados para ser flexíveis e experimentar.”
O Airbnb tem grandes planos para a América Latina. Espera duplicar sua equipe na região até o fim do ano e abrir escritórios na Argentina, no Brasil e no México. O número de funcionários provavelmente quadruplicará para 120 pessoas nos próximos dois anos, informou o Airbnb. Os planos são semelhantes aos da Uber Technologies, a única startup de tecnologia dos EUA com avaliação maior que a do Airbnb. A empresa de caronas compartilhadas dedicou um montante considerável de recursos à região após perder mais de US$ 2 bilhões na China e vender seus negócios no país para uma rival local. O Airbnb atualmente busca encontrar uma forma de entrar na China.
Também como a Uber, o Airbnb enfrenta concorrência em todos os lugares onde chega, inclusive na América Latina. Muitos brasileiros utilizam os serviços da empresa local Hotel Urbano, que é apoiada por pelo menos US$ 130 milhões da gigante das reservas de viagens Priceline Group e por outras, segundo a empresa de pesquisa CB Insights. A Expedia é dona da AlugueTemporada, que opera um serviço similar, mas lista apenas 30.000 residências na América Latina.
No Brasil, o Airbnb permite que os clientes paguem por suas estadias por meio de boleto bancário, um método de pagamento oferecido por bancos, casas lotéricas e agências dos Correios. Após fazerem uma reserva no Airbnb, os hóspedes recebem um código que apresentam juntamente com o pagamento em um estabelecimento que aceite boletos. A instituição, então, paga o Airbnb. O boleto se popularizou durante a recessão no Brasil. O Airbnb está fazendo testes para acomodar outros sistemas de pagamentos únicos dos países latino-americanos, disse Lehane. “Precisamos descobrir como o nosso produto pode se adequar à forma com a qual as pessoas estão acostumadas a trabalhar.”
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