Alejandro Faesi do Banorte: Apaixonado por matemática

“A diversidade é um princípio fundamental de justiça; todos nós somos minoria em algum momento da vida. Então, precisamos estar conscientes disso para percebermos com clareza qualquer forma de injustiça.”

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Alejandro Faesi

Head of Global Markets and Institutional Sales | Banorte, Mexico

No final da década de 80, Alejandro Faesi sempre tirava as dúvidas dos seus colegas de classe na disciplina que considerava mais fácil: matemática.

“Então, preparei uns cartões que diziam ‘Aulas de matemática, física e química’, adicionei meu número de telefone e comecei a distribuir para as mães enquanto esperavam pelos filhos na saída do colégio”, recorda o atual diretor geral de mercados e vendas institucionais do Grupo Financiero Banorte.

Foi assim que começou a trabalhar – dando aulas particulares – e se deu tão bem que até conseguiu guardar dinheiro para comprar seu primeiro “vochito” (apelido carinhoso do sedã da Volkswagen no México e conhecido como “fusquinha” no Brasil) para ir para a faculdade.

Era tão bom com os números que, quando chegou o momento de escolher o curso superior, optou por Ciências Atuariais em detrimento das suas outras áreas de interesse: Direito e Medicina. “Escolhi o curso simplesmente porque adorava exatas”, relembra.

Em comparação com um curso como o Direito, a área de exatas não exige tanto tempo de leitura, o que deu a Alejandro outras vantagens. “Graças a isso, a faculdade não me tomava muito tempo e pude trabalhar enquanto ainda estava na metade do curso”, resume.

Ainda hoje, continua dando consultoria na família [quando se trata de números]. “Às vezes me perguntam como consigo lembrar de tópicos como logaritmos, trigonometria ou cálculo diferencial e integral. Mas, a verdade é que tenho tudo muito claro porque revi esses conceitos muitas vezes no ensino fundamental e médio e ficaram completamente sedimentados. É como ir à academia, só que para o cérebro”, descreve.

Os conhecimentos e o estilo de aprendizagem continuam úteis em seu trabalho atual.

A disciplina dos esportes nas finanças

Alejandro acredita que é importante continuar adquirindo novos conhecimentos ao longo da vida. “Quando estamos frente à frente com o conhecimento, temos que aproveitar a oportunidade de aprender, mantendo a curiosidade viva ao longo dos anos, sem ficar preso na zona de conforto”, recomenda.

A capacitação em áreas que não estão diretamente ligadas à sua posição atual traz vantagens que poderão se traduzir em crescimento profissional. “As posições executivas seniores são alcançadas em função da capacitação, ou seja, você não pode esperar ser promovido para então pensar ‘agora preciso aprender este ou aquele assunto que não sei ou não é meu ponto forte’ – na verdade, você será promovido porque já tem conhecimentos em várias áreas que são úteis [para a posição]”, ensina.

Alejandro também aprendeu muito com as pessoas com quem trabalhou. “Uma delas foi meu primeiro chefe, quando eu era trainee no Grupo Bursátil Mexicano. Seu nome é Gerardo Madrazo e me ensinou tudo que eu precisava saber sobre o trabalho. Mas, além de ser o diretor da mesa de câmbio, era triatleta – algo incomum em 1991”, relata.

Seu chefe aplicava aquela cultura de vida saudável e disciplinada ao trabalho diário, e isso foi um aprendizado muito importante  para Alejandro, que adotou esses ensinamentos em sua vida profissional desde então e, “de quebra”, acrescentou 10 maratonas ao seu currículo – uma delas completada em menos de três horas.

Um trader deve ser disciplinado para saber quando dar um stop-loss, ou não ultrapassar limites, mantendo a disciplina para o bem da instituição na qual trabalha”, ressalta.

Veleiros e amores à primeira vista

Além das ciências exatas, do mercado financeiro e dos esportes, Alejandro tem mais uma paixão: velejar.

“Meu apelido é ‘suiço’. Meu avô saiu da Suíça e imigrou para os EUA, onde conheceu minha avó, antes de chegar ao México. Mas, ele sempre gostou muito dos lagos, das montanhas e de velejar – atividade que aprendi ainda criança, com ele e com meu pai”, comenta.

Neste momento, ao tentar passar mais tempo com a família, Alejandro diz que velejar tem se mostrado uma atividade ideal, pois combina a possibilidade de desfrutar da natureza e fazer exercícios. “O windsurf é praticado com apenas uma vela, mas exige muito fisicamente por ser um esporte de velocidade sobre a água. Mas, também aprecio velejar sentado, com sapatos e uma calça confortável em um barco com duas velas – é como caminhar no parque”, descreve.

Alejandro tem amores construídos ao longo da vida, como velejar, e amores “à primeira vista”, como o que o atraiu para o mundo das finanças.

“Ainda durante o curso de Atuária, um professor comentou sobre uma oportunidade de trabalho no GBM (Grupo Bursátil Mexicano). Quando cheguei para a entrevista e vi o trading room, com suas telas e toda aquela atividade, me apaixonei pela profissão. Já se passaram 30 anos, mas continuo encantado, e tenho sido um ‘parceiro’ fiel e dedicado”, afirma.

Como em todo “relacionamento”, houve momentos difíceis, tais como a crise global de 2008. Porém, o que trouxe os maiores aprendizados para Alejandro foi a crise mexicana de 1994, que teve repercussões na América Latina. “Foi muito forte; parecia que o país já estava adiantado no processo de modernização quando, na verdade, ainda estava no início do processo”, recorda.

“Eu tinha 25 anos e estava bem no começo da minha carreira. Porém, devido à crise, tive que começar a desempenhar tarefas mais sêniores e delicadas, e de maior profundidade. Fui tomando gosto por resolver os problemas naquele momento e isso me fez acreditar em mim mesmo e perceber que esse mundo era mesmo para mim”.

Estar bem informado, tanto no nível local quanto mundial, é fundamental para Alejandro – e não apenas em relação à área financeira. “Os temas que movem os mercados mudam e é preciso ser um ‘expert’ em muitos assuntos porque num dia, é o petróleo [que afeta o mercado]; no outro, é uma reforma na legislação, ou o que estão fazendo no Texas, ou o que dizem os árabes e a OPEP. Atualmente, é preciso ser ‘epidemiologista’ para saber quando uma vacina chegará e quanto tempo vai levar para ser aprovada. No caso do Brexit, foi preciso entender como funciona a política britânica e como é constituída a Câmara dos Lordes. Em outras situações, é preciso entender como funciona o sistema eleitoral dos EUA”, exemplifica. “O bom é que o aprendizado de hoje vai ser útil no futuro, ainda que cada crise seja diferente”, resume.

Para tanto, Alejandro dedica algumas horas do dia para se manter informado. “Informação é fundamental para tomar decisões. Por isso, utilizo bastante o terminal da Bloomberg e leio os jornais locais e internacionais no celular ou no iPad, além de acompanhar redes sociais como o Twitter”, descreve.

Preparação, preparação, preparação

Os livros também são muito importantes para Alejandro. “Gostaria de recomendar um livro chamado ‘Factfullness: Ten Reasons We’re Wrong About the World – and Why Things Are Better Than You Think’ (Factfulness: O hábito libertador de só ter opiniões baseadas em fatos, segundo o site da Amazon), de Hans Rosling, com a colaboração de Anna Rosling Rönnlund e Ola Rosling”.

Segundo Alejandro, a obra analisa os fatos de uma forma positiva para desbancar alguns mitos e demonstrar que o mundo está melhor do que parece em áreas como pobreza, educação e saúde.

Além disso, acredita que analisar um fato sob vários ângulos e perspectivas é fundamental para novos aprendizados; para isso, é importante impulsionar a diversidade nas organizações.

“É um tema crucial que está avançado, mas ainda há muito por fazer”, admite. “É um princípio fundamental de justiça; todos nós somos minoria em algum momento da vida. Então, precisamos estar conscientes disso para percebermos com clareza qualquer forma de injustiça”, enfatiza. “Ter pessoas de todo tipo – de diferentes religiões, culturas, etc – enriquece a equipe”.

No mercado financeiro, é necessário estar preparado o tempo todo e ter um objetivo claro, recomenda.

“[A preparação] se mostra útil quando vem uma ‘tempestade’ ou uma crise. Não há tempo para se preparar no meio de situações críticas; jamais imagine que você tem tudo sob controle”, comenta. “A atual crise sanitária é um ótimo exemplo: estamos vivendo algo que não acontecia há muito tempo”.

Por sua história, Alejandro demonstra que o amor pode estar em tudo: na família, no trabalho e, por que não, nos números.

Isenção de opinião: Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg.


A Bloomberg convidou os “<GO> GETTERS” do mercado financeiro na América Latina a compartilhar os insights mais significativos de suas carreiras, descrevendo os sucessos alcançados e os desafios que enfrentaram no percurso, tanto como testemunhas do desenvolvimento deste ambiente acelerado quanto como contribuintes ativos de sua evolução, criando novas ferramentas, compartilhando melhores práticas e inspirando mudanças.

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