Além de mudar rotas históricas Canal do Panamá ajuda o planeta

Por Jessica Shankleman.

Após uma expansão de US$ 5,25 bilhões que levou nove anos e está modificando rotas comerciais utilizadas há décadas, o Canal do Panamá também está fazendo bem ao planeta.

Ao oferecer um atalho para a entrega de bilhões de dólares em produtos fabricados na Ásia aos portos da Costa Leste dos EUA, a via navegável ajudou as companhias de navegação clientes a reduzirem a emissão de carbono coletiva em 17 milhões de toneladas durante o primeiro ano completo de operação. Quando a expansão foi planejada, a projeção interna da administradora do canal era de 9,6 milhões de toneladas, segundo Alexis Rodríguez, especialista em proteção ambiental da Autoridade do Canal do Panamá.

O sucesso do combate às mudanças climáticas pode ser fundamental para o futuro do Panamá. O canal é abastecido por águas que correm há séculos das montanhas do país. Em determinados momentos dos últimos anos o baixo nível de água obrigou o canal a impor pequenas restrições aos navios que permitia passar.

“Se não adotarmos medidas para reduzir a poluição, todos sentiremos no bolso”, disse Rodríguez, em entrevista, em Londres, onde participou de uma reunião de representantes de governos de todo o mundo para discutir a contribuição da indústria da navegação no combate às mudanças climáticas.

Além de ajudar os fabricantes asiáticos a entregar produtos na Costa Leste dos EUA mais rapidamente, o canal expandido redesenhou as rotas comerciais das commodities. A crescente oferta de energia dos EUA — particularmente de gases liquefeitos e até mesmo do petróleo — está fluindo como nunca antes na direção oposta. A conexão também pode ser usada para transportar minério de ferro, carvão e grãos de lugares como Brasil, Colômbia e Argentina para a Ásia.

Viagens mais curtas, navios melhores

A ajuda ao meio ambiente surge do fato de que atualmente há navios maiores e mais eficientes atravessando o canal. Eles podem reduzir as viagens em milhares de quilômetros, o que significa que consomem muito menos combustível.

O apoio do Panamá a regras ambientais mais rígidas para a navegação, que também inclui a promoção de limites às emissões de enxofre, decorre em parte do desejo de evitar qualquer ameaça a longo prazo ao nível de água do canal, disse Rodríguez.

A autoridade atualmente projeta que seus clientes deixarão de expelir cerca de 320 milhões de toneladas de CO2 na primeira década de operação expandida, disse Rodríguez. É o dobro da quantidade prevista quando a expansão foi planejada, equivalente ao total de emissões anuais da Espanha.

Ele falou a respeito na reunião com mais de 200 representantes de governos e do setor em Londres para discutir como reduzir a zero as emissões de carbono das operações de navegação na segunda metade do século. Atualmente o setor responde por 3 por cento das emissões globais. A reunião foi realizada na Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês), a agência da Organização das Nações Unidas para a navegação.

A imposição de regras de emissões obrigatórias eliminaria uma lacuna deixada pelo Acordo de Paris para as mudanças climáticas, de 2015. Os navios envolvidos no comércio marítimo internacional queimam principalmente óleo combustível pesado, uma das formas mais sujas e baratas de energia. Os membros da IMO vão voltar a discutir seus objetivos em outubro e o rascunho de um acordo poderá ser elaborado em 2018.

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