Por Srinivasan Sivabalan.
Investidores globais estão intrigados com a força dos ativos de países em desenvolvimento após o aumento da taxa básica de juros nos EUA. Mas talvez a resposta seja simples: a perspectiva de crescimento econômico.
Juros maiores nos EUA geralmente fortalecem o dólar, mas o Federal Reserve foi menos agressivo do que os investidores esperavam, de modo que o dólar caiu e os ativos dos mercados emergentes dispararam. A perspectiva de crescimento mais acelerado nos EUA é alentadora: quando o maior mercado do mundo decola, o cenário melhora para muitos outros países.
“A recuperação global está ficando mais firme e até a Europa está dando sinais de vida”, disse Hertta Alava, responsável por mercados emergentes na FIM Asset Management, em Helsinki.
“Houve um pouco de enfraquecimento no final de fevereiro, mas os investidores voltaram. Este ambiente é bom em termos de sentimento de risco.”
As bolsas de países em desenvolvimento registram a mais longa sequência de ganhos em sete meses. O peso mexicano e o rand sul-africano impulsionaram um índice de moedas emergentes para o maior nível desde 2015.
O fundo negociado em bolsa iShares MSCI Emerging Markets ETF, que acompanha ações de países emergentes, recebeu US$ 197 milhões em recursos na segunda-feira.
As bolsas chinesas e o won sul-coreano se destacaram desde o acréscimo de juros nos EUA. A maioria dos investidores favorece ativos da Ásia durante o resto de 2017.
“Um dos motivos para nós realmente gostarmos da Ásia e estarmos com peso acima do estratégico em mercados emergentes é que acreditamos que os fundamentos estão mudando agora”, disse Belinda Boa, responsável por aplicações de perfil ativo na região Ásia Pacífico da BlackRock em Hong Kong, em entrevista à Bloomberg Television. “Alguns mercados estão se aquecendo. O que realmente importa é que nossos investidores olhem para o médio a longo prazo.”
Christopher Brightman tem a mesma opinião. Para o diretor de investimentos da Research Affiliates, os investidores têm a oportunidade de apostar cedo no que deve ser uma fase de alta de muitos anos para os ativos dos mercados emergentes, à medida que aumenta a demanda por commodities.
Estas são algumas métricas que refletem a firmeza dos ativos de países emergentes:
– O MSCI Emerging Markets Index atingiu o maior nível desde junho de 2015.
– O índice da MSCI que acompanha moedas de países em desenvolvimento avançou pelo quinto dia, a mais longa sequência de altas no ano.
– Os temores de um “pouso forçado” da economia chinesa esfriaram após dados recentes indicarem que a taxa de crescimento está se acelerando, disse Alava, revelando sua preferência por países como Índia, Vietnã e Filipinas, por terem “população jovem” e suas economias terem espaço para avançar.
– O rendimento apurado para uma métrica de títulos soberanos denominados em dólares encolheu 19 pontos-base.
Estes são alguns dos principais riscos:
– As políticas do presidente americano, Donald Trump, representam o maior risco para os mercados emergentes, na visão de Alava.
– Para o economista William Jackson, da Capital Economics em Londres, a taxa básica de juros nos EUA vai subir mais do que o mercado antecipa.
– “Se entrarmos em um ambiente monetário mais agressivo, podemos ver isso como um risco de dólar mais valorizado e aperto das condições financeiras, o que seria claramente negativo para essa parte do mundo”, disse Boa, da BlackRock.
– O mercado acompanhará as eleições na França em busca de sinais de vantagem para movimentos populistas de direita, disse Jackson.
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