Alta frágil do minéiro de ferro impulsiona alta da Vale em meio a avanço de ações brasileiras

Por Denyse Godoy.

O retorno do minério de ferro a uma tendência de alta está impulsionando a Vale SA e desafiando a perspectiva pessimista dos analistas em relação à ação.

Enquanto grandes firmas de Wall Street como Goldman Sachs Group Inc. e Citigroup Inc. projetam mais quedas da matéria-prima usada na fabricação do aço, a commodity subiu mais de 20 por cento em relação à baixa registrada no dia 8 de julho. Isso ajudou a provocar um rali na maior produtora mundial do material em um momento em que a proporção de recomendações de compra para as ações da empresa em relação às recomendações para segurar ou vender seus papéis está no nível mais baixo da história.

“Isso indica que os investidores estão muito mais focados em perspectivas de curto prazo”, disse Rafael Ohmachi, analista da corretora Guide Investimentos, por telefone, de São Paulo. “O cénario, tanto para o minério de ferro quanto para a Vale, ainda é muito incerto e os preços devem continuar pressionados”.

As ações da Vale caíram 21 por cento em 2015 depois que a empresa ampliou a produção no último trimestre, piorando o excesso de oferta que jogou os preços do minério de ferro atingirem para o nível mais baixo dos últimos seis anos. A expansão da produção da Vale e de suas principais concorrentes, BHP Billiton Ltd. e Rio Tinto Group, coincide com um declínio inesperado da demanda da China, maior compradora da commodity.

As ações brasileiras também subiram com o alívio pelo fato de a Standard Poor’s ter mantido o rating de crédito de grau de investimento do país apesar de, na terça-feira, ter alterado para negativa a perspectiva para a maior economia da América Latina.

Investigação de corrupção

O Ibovespa entrou em um mercado altista em abril após subir mais de 20 por cento em relação ao nível mais baixo deste ano devido à especulação de que as medidas do governo reforçariam o orçamento e evitariam um corte no rating de crédito. Desde então, as ações perderam 12 por cento e a presidente Dilma Rousseff lida com uma economia anêmica em meio a especulações sobre um impeachment e a uma crescente investigação de corrupção na estatal Petrobras.

Os investidores também esperavam uma declaração do Federal Reserve para avaliar quando os custos dos empréstimos dos EUA começarão a subir e como isso impactaria as negociações de ativos de mercados emergentes. No Brasil, o Comitê de Política Monetária divulgará sua decisão ainda nesta quarta-feira em meio a apostas de que o Banco Central elevará as taxas de juros em mais meio ponto porcentual.

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