Por Anna Hirtenstein.
O aumento dos preços do petróleo pode levar países ricos em combustíveis fósseis a abandonar planos voltados às energias solar e eólica, segundo o chefe da Agência Internacional de Energia (AIE).
“Vimos no passado diversos exemplos em que os países produtores de petróleo queriam uma diversificação, que não se materializou porque quando os preços subiram a urgência desapareceu”, disse Fatih Birol, diretor-executivo da assessoria de política energética com sede em Paris, em entrevista, na cúpula WindEurope, em Hamburgo. “Penso que definitivamente existe esse risco.”
Há projetos de energia renovável em construção em praticamente todos os países do mundo, até mesmo nos que têm grandes reservas de combustíveis fósseis. Na última queda do preço do petróleo, países como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos anunciaram planos ambiciosos para a energia solar. A Rússia iniciou uma expansão do setor de energia eólica e planeja leiloar mais de 3 gigawatts de capacidade, ou o equivalente a três reatores nucleares, até meados da década de 2020.
A lógica é usar menos recursos para a energia doméstica e destinar uma fatia maior para a exportação. A Arábia Saudita atualmente queima cerca de 1 milhão de barris de petróleo por dia para geração de eletricidade. O país assinou um memorando de entendimento com a japonesa SoftBank Group em março para 200 gigawatts de energia solar, projeto que custaria em torno de US$ 200 bilhões.
Não é a primeira vez que esses países anunciam a entrada no ramo de energia limpa. A Arábia Saudita anunciou planos para uma instalação solar de grande escala em 2012, mas acabou adiando o programa.
O barril de petróleo superou a casa dos US$ 80 pela primeira vez desde 2014, marcando uma mudança para uma nova era após vários anos de queda em que o combustível fóssil atingiu uma mínima de US$ 27,10, em janeiro de 2016. O petróleo Brent atualmente é negociado a US$ 81,94, bastante dentro da faixa considerada “confortável” por diversos países produtores de petróleo.
“Espero que eles percebam que sempre há ciclos de altas e baixas nos mercados de petróleo e que não é uma questão tática, e sim estratégica, fazer uso da energia solar no Oriente Médio”, disse Birol.
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