Por Jasmine Ng.
O rali do minério de ferro para o nível mais alto em dois meses levou o Macquarie Group a soar o alarme porque, segundo o banco, os ganhos podem estar muito acima dos fundamentos, considerando a oferta abundante das mineradoras, o estoque acumulado nos portos chineses e a provável queda na produção de aço.
Apesar da especulação a respeito de estímulos da China ter ajudado a elevar os preços, o Macquarie disse manter o ceticismo em relação ao apoio fundamental à alta recente, escreveram analistas, incluindo Ian Roper, em relatório recebido nesta quarta-feira. A nota questionava se o minério de ferro não estava “se deixando levar novamente”.
O minério de ferro foi envolvido em um rali especulativo no início do ano na China quando os preços subiram, em abril, levando uma série de bancos a alertar que a alta não seria duradoura, e de fato os preços acabaram caindo. Na semana passada, a Austrália reduziu sua perspectiva para o preço em 2017 em 20 por cento, citando perspectiva de oferta maior justamente em um momento em que a produção de aço da China está encolhendo ainda mais. O Goldman Sachs disse que o estímulo recente da China não gerou um aumento significativo da demanda pelo aço, segundo um relatório recebido nesta quarta-feira.
Visão do Goldman
“Seria necessária uma piora significativa da perspectiva de crescimento para que o governo chinês iniciasse outra rodada de estímulos, especialmente após a injeção de crédito recente”, escreveram analistas do Goldman, incluindo Hui Shan e Jeff Currie. “Não vimos um aumento significativo da demanda chinesa por aço neste ano”.
O minério com 62 por cento de conteúdo entregue em Qingdao caiu 0,4 por cento na terça-feira, para US$ 59,15 a tonelada, segundo a Metal Bulletin, um dia depois que os preços atingiram o valor mais elevado desde 5 de maio. A matéria-prima usada na fabricação do aço encerrou um rali de três meses em abril com um ganho de 23 por cento no mês e depois caiu em maio.
Os avanços recentes do minério de ferro e do aço também foram ligados pelo Macquarie aos estoques inferiores do produto dos traders na China e às perspectivas de interrupções à fabricação de aço em Tangshan para um memorial que, segundo o banco, não seriam significativas. “Essas restrições afetarão apenas o processo de sinterização, não os altos-fornos especificamente e, portanto, seu impacto sobre a produção de aço deverá ser muito limitado”, disseram os analistas.
O minério de ferro poderá cair para US$ 40 a tonelada no quarto trimestre, disse o Goldman Sachs em nota anterior, enquanto a perspectiva do Morgan Stanley para o mesmo período é de US$ 35. Em um sinal de oferta abundante, os estoques nos portos da China subiram ao nível mais alto desde dezembro de 2014.
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