Altistas do dólar têm motivos para sorrir independentemente de se depressão dissuadirá o Fed ou não

Por Candice Zachariahs e Kevin Buckland.

Todos os caminhos levam a um dólar mais forte.

Essa é a visão de Stephen Jen, um dos fundadores do hedge fund SLJ Macro Partners LLP, que passou treze anos no Morgan Stanley, onde ele ajudou a desenvolver uma teoria conhecida como o “sorriso do dólar”. Ele prediz ganhos frente às moedas de mercados emergentes em particular, independentemente de se o Federal Reserve (Fed) tiver sucesso ou não em subir as taxas de juros sem iniciar uma turbulência nos mercados.

“O que temos agora é uma situação muito estranha, na qual a economia dos EUA continua crescendo, mas existe um risco elevado de uma corrida para venda financeira, e na verdade esse é o ambiente mais positivo para o dólar”, disse Jen, que trabalha em Londres, em entrevista por telefone em 9 de setembro. “O dólar deveria ser apoiado em vários cenários”.

Os investidores que compraram a moeda para especular com que o Fed ajustaria a política monetária estão observando ganhos apesar de que os mercados estão reduzindo as apostas no momento em que o banco central subirá as taxas de juros. A verdinha se valorizou rapidamente frente às moedas de produtores de commodities e países em desenvolvimento desde uma desvalorização do yuan feita pela China em 11 de agosto, a qual alimentou a preocupação com que o crescimento na segunda maior economia do mundo estivesse desacelerando e desencadeou uma depressão mundial nas ações.

Os analistas preveem que o dólar se apreciará frente a mais de metade das outras 16 moedas mais negociadas por volta do final do ano.

Sorriso

A análise de Jen se assemelha à sua teoria do “sorriso do dólar”, baseada em um gráfico que prediz ganhos para a moeda mais negociada do mundo quando a economia dos EUA estiver crescendo fortemente ou se encontrar em uma depressão profunda.

Embora a moeda dos EUA tenha se enfraquecido em 2004, quando o Fed iniciou seu último ciclo de aumentos da taxa, ela se valorizou 8,7 por cento frente às outras moedas de importância no ano seguinte porque o banco central aumentou sua referência em 2 pontos porcentuais. A moeda voltou a crescer rapidamente em 2008 e o Bloomberg Dollar Spot Index ganhou 8,9 por cento, pois a crise financeira mundial impulsionou a demanda por ativos de refúgio. O índice apresenta uma alta de 7,1 por cento neste ano.

A taxa de desemprego mais baixa em sete anos não cimentou a possibilidade de que o Fed tome uma medida em setembro, pois a confiança também se encontra impulsionada pelas agitações nos mercados acionário e cambial. O presidente do Fed de Nova York, William Dudley, disse em 26 de agosto que a volatilidade recente tinha tornado uma suba inicial em setembro “menos convincente”.

A probabilidade de um incremento de 25 pontos-base na reunião do Fed em 16 e 17 de setembro caiu para 28 por cento nesta quinta-feira, frente a 54 por cento um mês atrás.

Moedas de países emergentes

Um indicador que acompanha 20 moedas de países em desenvolvimento caiu 4,5 por cento frente ao dólar desde 10 de agosto, liderado por um declínio de 8,7 por cento no ringgit malaio e por um recuo de 12 por cento no real brasileiro. Um índice que acompanha as moedas de dez produtores de commodities, entre eles a Austrália, a Rússia, o Brasil e a Nova Zelândia, caiu 5 por cento.

A decrescente especulação com que o Fed eleve as taxas de juros abre a possibilidade de um dólar mais forte caso um aumento na referência se materialize efetivamente, disse Ray Attrill, um dos diretores de estratégia cambial do National Australia Bank Ltd. em Sydney.

“Obtém-se apoio de taxas de juros mais altas que aquelas que estão sendo descontadas, e obtém-se apoio porque as ações estão em uma corrida para venda, e ao mesmo tempo talvez se chegue a um pouquinho do sorriso do dólar”, disse ele.

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