Amazon chega a terra distante dominada pelo comércio tradicional

Por Angus Whitley e Spencer Soper.

A Amazon, que perdeu bilhões no exterior tentando replicar o sucesso obtido nos EUA, agora tenta desbravar um dos maiores e mais esparsamente povoados países do mundo, onde as lojas tradicionais continuam imperando.

A empresa com sede em Seattle, nos EUA, que vende de tudo, de mantimentos e TVs de tela grande até moda de primeira linha, afirma que está “procurando ativamente” um armazém enquanto se prepara para iniciar operações na Austrália. Antecipando uma guerra de preços, analistas diminuíram quase pela metade as projeções de lucros para redes locais de produtos eletrônicos, como Harvey Norman Holdings e JB Hi-Fi.

Mas a maior loja virtual do planeta, que exportou seu modelo para a Alemanha, o Reino Unido, o Japão e, mais recentemente, a Índia, enfrenta desafios sem precedentes na Austrália.

O país é quase tão grande quanto os EUA, mas tem apenas 24 milhões de habitantes. Os principais bolsões populacionais podem estar separados por 4.000 quilômetros, o que eleva o custo das entregas rápidas. Os salários são mais altos do que na maioria dos principais países desenvolvidos. E a quantidade de burocracia significa que é mais fácil fazer negócios na Macedônia, de acordo com rankings do Banco Mundial.

Em comparação com os mercados mais avançados em compras virtuais, a Austrália fica muito atrás. A compra de produtos pela internet é pelo menos duas vezes mais popular na Coréia do Sul, na China e no Reino Unido, segundo a Euromonitor International.

“Já temos um grupo arraigado de consumidores que compram em lojas tradicionais”, disse Gary Mortimer, professor associado da Faculdade de Administração da Universidade de Tecnologia de Queensland, especialista em varejo e logística. “É preciso que haja uma oferta realmente boa para que eles mudem.”

O custo de atender às maiores cidades da Austrália, de Perth, no extremo oeste, a Sidney, no litoral leste, prejudicará o modelo de volume alto e margem baixa da Amazon, disse Mortimer. Ele passou duas décadas trabalhando para varejistas australianos, incluindo a importante rede de supermercados Coles, parte da Wesfarmers, e a operadora de lojas de departamentos Myer Holdings. “Quando ela chegar, a distância vai ser um problema”, disse Mortimer.

Entrega em uma hora

Nos EUA, a Amazon tem um valor de mercado de US$ 475 bilhões e domina o comércio eletrônico. A receita norte-americana representou quase dois terços dos US$ 136 bilhões em vendas da companhia no ano passado, quando a receita líquida quadruplicou para US$ 2,4 bilhões. Através da assinatura Amazon Prime, que custa US$ 99 por ano, a empresa reduziu os prazos do frete e entrega pilhas, produtos de limpeza ou pasta de dente em apenas uma hora em dezenas de cidades. O objetivo: combinar a praticidade das compras pela internet com a gratificação instantânea de uma ida rápida à loja.

Replicar o sucesso doméstico no exterior é mais difícil. As vendas da unidade internacional da Amazon aumentaram, mas essa divisão registra prejuízos consecutivos antes de impostos desde 2012, no total de US$ 2,2 bilhões, à medida que a empresa investe em novos mercados, de acordo com os relatórios anuais da Amazon.

Um representante da Amazon em Sidney preferiu não comentar os desafios específicos que a empresa enfrentará na Austrália e não revelou quando uma oferta de varejo será lançada. A Amazon vende livros eletrônicos na Austrália desde 2013.

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