Por Craig Torres.
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, classifica a desaceleração da inflação como “um dos maiores desafios do nosso tempo”. Shawn Smith, que dá cursos para trabalhadores vulneráveis e de baixa renda dos Estados Unidos, tem uma opinião diferente.
As pessoas no mundo de Smith não querem preços mais altos. Mesmo pequenos aumentos “fazem grande diferença para alguém que sobrevive com uma renda limitada”, disse Smith, diretor de desenvolvimento de força de trabalho da Goodwill na região central e costeira do estado de Virgínia, e que participou recentemente de um evento do Fed de Richmond.
“Sejam 50 centavos aqui ou 10 centavos ali, eles administram seus dólares no dia a dia e tentam descobrir como fazer com que as coisas funcionem”, disse.
Os riscos sociais e de negócios relacionados à meta do Fed de buscar uma inflação um pouco mais alta foram um tema constante ouvido pelas autoridades durante a turnê de estratégia de 2019. Chamada de “Fed Listens” (o Fed escuta), a iniciativa do banco central abrange várias cidades e chegou a Chicago esta semana.
Lael Brainard, governadora do Fed, que conheceu Smith em um desses eventos em Richmond no mês passado, ouviu mais comentários de líderes comunitários na terça-feira na conferência do Fed de Chicago, onde coordenou um painel sobre pleno emprego.
Representantes do banco central dos EUA lidam com um problema já enfrentado por muitos bancos centrais em todo o mundo. O envelhecimento demográfico, as formas de investimento menos intensivas em capital e inflação muito baixa se traduzem em juros também baixos. Se ocorrer uma recessão, o Fed provavelmente terá que cortar as taxas para zero e retomar as medidas do período de crise, como a compra de títulos de dívida, que ainda geram polêmica.
A conclusão que surge nas sessões do Fed é que uma estratégia de inflação mais alta atinge a parte mais vulnerável da população.
“Os impactos às vezes positivos da inflação para alguns de nós não trazem nenhum benefício para as pessoas na parte inferior do espectro”, disse Stuart Comstock-Gay, presidente da Delaware Community Foundation, em palestra para uma plateia no Fed da Filadélfia, que contou com a presença do presidente do banco, Patrick Harker, e do vice-presidente do conselho do Fed, Richard Clarida.