Amundi vê disparada sustentável dos emergentes no final de 2019

Por Lilian Karunungan.

Vai demorar quase um ano para os mercados emergentes se recuperarem de modo sustentável e os investidores devem desconfiar de um eventual avanço após as eleições parlamentares nos EUA em novembro. É esta a avaliação da Amundi, a maior gestora de recursos da Europa.

Para que os emergentes voltem a brilhar, será preciso a economia americana se desacelerar e o banco central dos EUA (Federal Reserve) encerrar o ciclo de aperto monetário, acredita Yerlan Syzdykov, responsável global por mercados emergentes da instituição. Até lá, Syzdykov enxerga oportunidades nos títulos denominados em dólares emitidos por nações em desenvolvimento, pois essa estratégia oferece prêmio de rendimento sem exposição a pressões cambiais e inflacionárias.

Os investidores podem ficar tentados a voltar aos emergentes já em dezembro se o presidente americano, Donald Trump, reverter a atual postura protecionista e adotar uma tática comercial mais favorável ao setor privado, segundo Syzdykov. Ele prevê que a campanha presidencial exigirá que Trump se aproxime de doadores contrários à escalada da guerra comercial.

“Este provavelmente será o momento em que os chineses vão propor um grande acordo com os EUA para resolver as diferenças relativas à guerra comercial”, disse Syzdykov, que trabalha em Londres e supervisiona 39,4 bilhões de euros (US$ 46 bilhões) em títulos e ações de países emergentes. “Talvez ocorra um avanço em dezembro, mas não será sustentável ou justificável do ponto de vista dos fundamentos.”

Rumo do dólar

O melhor momento para as posições compradas em mercados emergentes será o segundo semestre de 2019, quando a economia americana começar a perder fôlego e o incentivo dado pelo corte de impostos não for mais sentido, fazendo com que o Fed não suba juros e tirando fôlego do dólar, disse Syzdykov em entrevista realizada em Cingapura.

O quadro sugere mais perdas para as ações de países emergentes. O MSCI Emerging Markets Index recuou 25 por cento desde o pico atingido em janeiro, enquanto um índice cambial caiu 5,5 por cento neste ano.

O gestor fez outras recomendações:

 

  • Títulos em dólar de países andinos como Chile e Peru vão se beneficiar de um “arcabouço muito sólido para elaboração de políticas governamentais” e de economia e situação política “bastante estáveis”.
  • Dívidas atreladas ao petróleo, como títulos da Nigéria, também serão beneficiadas. A Amundi tem posição neutra em relação à Rússia por causa da tensão com os EUA.
  • Títulos em dólar da Turquia, agora que as políticas governamentais começaram a mudar de direção. A Amundi vem aumentando a posição nesses papéis no último mês.
  • A exposição à Argentina vem diminuindo. “Ainda está barato, mas acho que o medo na Argentina é de mudança política diante das pressões sobre a economia”.

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