Ano volátil do açúcar terminaria exatamente onde começou

Por Isis Almeida.

Os preços do açúcar devem oscilar bastante neste ano e terminar o ano no nível em que começaram.

O ano trará muita volatilidade e se encerrará com pouca mudança nos preços em relação a 2015, segundo uma pesquisa da Bloomberg com traders, analistas e investidores na Dubai Sugar Conference, na semana passada. Este já foi um começo difícil para a commodity, que caiu 14 por cento em janeiro porque os fundos reduziram as apostas otimistas.

Os traders divergem sobre se o mundo enfrentará excesso ou escassez porque o mercado de exportação está perto de ficar equilibrado, disse Jack Hannon, analista da Olam International, uma das maiores traders de alimentos do mundo. A crescente demanda chinesa está coincidindo com uma safra menor na Índia e com as projeções de aumento da produção na próxima temporada na União Europeia e no Brasil.

“Não é uma visão totalmente pessimista ou totalmente otimista”, disse Alexandre Luneau, vice-presidente-executivo de gerenciamento de risco de mercado da Tereos, maior processadora de açúcar de beterraba da França e a segunda maior produtora do Brasil. “Estamos do lado dos que acreditam que estamos chegando ao piso agora, mas não vemos muita tendência de subida”.

Preços do açúcar

O açúcar encerrará o ano em 15,1 centavos a libra-peso, o que significa um prejuízo anual de menos de 1 por cento, segundo a mediana das estimativas de uma pesquisa da Bloomberg com 28 pessoas que participaram do evento privado em Dubai, de 31 de janeiro a 2 de fevereiro. As estimativas variaram de 12 a 18 centavos.

Os preços subiram 5 por cento no ano passado, recuperando-se de uma queda de 55 por cento nos quatro anos anteriores provocada por pelo menos quatro anos de oferta abundante. Os contratos futuros do açúcar bruto foram negociados a 13,45 centavos na ICE Futures U.S., em Nova York, na segunda-feira.

O mercado será volátil até o fim do ano, disse Auke Vlas, diretor comercial da Sucres et Denrées, ou Sucden, com sede em Paris. Os preços caíram neste ano depois que pequenos e grandes especuladores, excluindo os fundos de índice, reduziram as apostas otimistas em relação ao nível mais alto desde 2008. Os fundos que haviam apostado em déficits de oferta aumentaram as apostas muito cedo e muito rapidamente, segundo Vlas.

A Olam, que tem sede em Cingapura, estima que a produção global será 6,2 milhões de toneladas menor que o consumo na temporada 2016-17, que começa em 1o de outubro, enquanto a Sucden prevê que o mercado voltará a se equilibrar. As opiniões para a temporada atual variam da escassez de 5,5 milhões de toneladas prevista pela Olam ao déficit de 2,5 milhões de toneladas apontado pela ED&F Man Holdings.

Efeito cambial

O real desvalorizado está encorajando uma oferta mais ampla do maior produtor, o Brasil, onde os usineiros pagam a maior parte dos custos na moeda local e vendem o açúcar em dólares. A Copersucar, que tem 37 usinas associadas, prevê que a safra aumentará cerca de 10 por cento neste ano, para 33 milhões de toneladas. A Tereos, dona de sete usinas brasileiras, fixa a produção em 34,5 milhões de toneladas.

O fim das cotas da União Europeia, no ano que vem, poderá fazer com que os produtores do bloco comecem a ampliar o plantio para a temporada 2016-17. A Sucden estima que as processadoras de beterraba da região irão aumentar a produção em 22 por cento, para 17 milhões de toneladas.

Por outro lado, o mercado poderia ser equilibrado pela oferta menor da Índia, a segunda maior produtora, e pela maior demanda chinesa.

Com o clima seco do ano passado, os produtores indianos plantaram menos cana-de-açúcar e a Sucden estima que a produção cairá 2 milhões de toneladas em 2016-17. As importações chinesas continuarão sendo grandes enquanto forem rentáveis para as refinarias, disse Kona Haque, chefe de pesquisa da ED&F Man. No ano passado, o país comprou quantidades recordes, mostraram dados aduaneiros.

“Há uma sensação menor de que teremos um colapso e talvez maior de que as coisas permanecerão como estão”, disse Jonathan Drake, diretor de operações da RCMA Commodities Asia e um dos organizadores da Dubai Sugar Conference.

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