Por I. Almeida e Agnieszka de Sousa.
A demanda de rápido crescimento dos mercados emergentes fez com que a Colômbia, a terceira maior produtora de café do mundo, estudasse os grãos robusta em um momento em que a produção de sua tradicional variedade arábica está deixando de crescer.
Representantes do setor cafeeiro do país viajaram às regiões brasileiras produtoras do robusta no Espírito Santo e na Bahia para entender melhor como são cultivados os grãos de gosto amargo usados no café instantâneo, disse Roberto Vélez, diretor-geral da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia. A produção da Colômbia atingiu o pico e será necessário plantar novas variedades para impulsionar a produção do arábica, disse ele.
Com a demanda do mercado emergente, o consumo de café robusta cresceu 3 por cento ao ano nas 5 temporadas até 2015-2016, uma taxa mais rápida que a de 1 por cento do arábica, segundo o Rabobank International, que estima que essa tendência se reverterá neste ano. Os produtores de café também ampliaram a quantidade de robusta em seus blends nos últimos 20 anos e os consumidores se acostumaram mais ao gosto, disse Vélez.
“O robusta está se popularizando”, disse Vélez, em entrevista, em Londres, na semana passada, onde participou de reuniões da Organização Internacional do Café. “Se vamos mudar do arábica para o robusta? Não, porque não são cultivados nas mesmas áreas.”
O mercado do café enfrenta o terceiro ano de escassez, gerada principalmente pela falta de grãos robusta depois que uma seca reduziu a produção no Brasil, o segundo maior produtor da variedade. A produção brasileira, juntamente com as expectativas de colheita menor no Vietnã, o maior produtor, provocou um aumento de 49 por cento nos preços em Londres nos últimos 12 meses. Os futuros do arábica em Nova York apresentam alta de apenas 10 por cento no mesmo período.
A Colômbia cultiva seus grãos arábica principalmente em altitudes mais elevadas. A produção, que vinha se recuperando depois que uma doença chamada ferrugem do café atingiu a safra de 2008-2009, agora se estabilizou e a produção deste ano é estimada em 14,2 milhões a 14,5 milhões de sacas, disse Vélez. As plantações de robusta seriam acomodadas em regiões de planície se os produtores colombianos optassem pela variedade, disse ele.
“Fomos conversar com produtores do Espírito Santo e da Bahia e no fim das contas percebemos que se trata de um jogo diferente”, disse Vélez. “Temos que aprender do zero e realizar pesquisas para ver como os pés de café se comportariam na Colômbia.”
A federação está tentando ampliar a produtividade na Colômbia e incentivar seus fazendeiros a replantarem os pés de café. A produção poderia subir mais apenas por meio do replantio e do uso de uma nova variedade que ocupe menos espaço, permitindo que mais árvores sejam plantadas na mesma área, disse Vélez.
“Esperamos que quando tivermos essa nova variedade possamos ter um aumento de produção”, disse Vélez. “Eu, pessoalmente, gostaria de ver a produção colombiana em 17 milhões de toneladas até 2020.”
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