Após 8 meses de alta, bolsas emergentes têm espaço para ganhos

Por Aline Oyamada com a colaboração de Carlos Torres.

Desde 2004 as ações de mercados emergentes não registravam uma sequência tão longa de ganhos mensais. E há quem diga que a festa continua.

Mark Mobius, da Templeton Emerging Markets Group, Alejo Czerwonko, da UBS Wealth Management, e uma série de gestores incluindo Standard Life e Lazard Asset Management estão encontrando motivos para comprar ações. Embora os preços estejam subindo, os otimistas acreditam que os lucros das empresas vão melhorar com a retomada do crescimento econômico, sustentando novas altas.

“As ações de mercados emergentes ainda são extremamente atraentes”, disse Brian Wolahan, gestor sênior de carteiras da Acadian Asset Management, sediada em Boston. Seu fundo voltado para ações de países em desenvolvimento teve desempenho superior ao de 92 por cento de seus pares no último ano. Ele argumenta que a razão entre preço e lucro na região está com desconto de mais de 20 por cento em relação aos mercados desenvolvidos, o que é muito abaixo da média de 10 anos.

Ações e moedas de países em desenvolvimento caminham para os maiores ganhos anuais desde 2009. A queda da volatilidade diante do panorama político e econômico relativamente benigno tem incentivado apostas em mercados emergentes. Enquanto veteranos de Wall Street, como Jeff Gundlach e Ray Dalio, alertaram que os ativos arriscados estão sobrevalorizados, outros veem motivos para manter o otimismo, mesmo que o índice de referência já tenha registrado oito meses seguidos de ganhos e um avanço de 26 por cento neste ano.

Relatamos abaixo os principais comentários dos gestores de recursos sobre a disparada nessa classe de ativos:

Czerwonko, estrategista para mercados emergentes da UBS Wealth Management

* “O forte desempenho no acumulado do ano se justifica, uma vez que os lucros aumentaram 16 por cento em dólares no mesmo período”

* A firma dele está overweight em ações da China, Indonésia, Tailândia, Turquia e Rússia

* A alocação é underweight em Taiwan, Malásia, Filipinas e África do Sul

* Os principais riscos ao cenário são uma postura mais agressiva pelos bancos centrais, novas preocupações geopolíticas e temores renovados sobre a sustentabilidade do crescimento econômico na China

* “O pano de fundo macroeconômico sólido para mercados emergentes e global e nossa expectativa de expansão dos lucros de 3 por cento a 5 por cento nos próximos seis meses devem justificar mais espaço para ganhos na classe de ativos”

Mark Vincent, gestor de recursos da Standard Life Investments

* Considera as ações de mercados emergentes atraentes à medida que os lucros aumentam, as margens de lucro se recompõem, a demanda do consumidor avança, a inflação fica sob controle e o dólar se mantém desvalorizado

* Ele aprecia ações da Rússia e Coreia do Sul, além de papéis de bancos brasileiros e empresas de internet da China

* “Estamos menos pessimistas do que o consenso quanto à China”

* Seu Global Emerging Markets Equity Income Fund superou 88 por cento de seus pares no último ano

Rohit Chopra, gestor de carteiras da Lazard Asset Management

* “Estamos observando o retorno sobre o patrimônio nos mercados emergentes novamente com prêmio em relação aos mercados desenvolvidos. Acho que esta é uma oportunidade única porque os mercados emergentes ainda se encontram com desconto substancial em relação aos mercados desenvolvidos”

* A Lazard tinha US$ 201,4 bilhões em ativos sob gestão em 30 de junho

Wolahan, da Acadian Asset Management

* “Os fundamentos econômicos dos mercados emergentes ainda estão melhorando e os mercados emergentes têm exposição alavancada ao crescimento global”

* Ele tem alocação overweight na Turquia e prefere ações de tecnologia a ações de empresas voltadas para o consumidor

* Ele tem alocação underweight em Taiwan por considerar aquele mercado caro e está diminuindo sua posição no Brasil para um nível neutro devido aos preços esticados

* A Acadian tem US$ 86 bilhões em ativos sob gestão

Mobius, presidente-executivo do conselho da Templeton Emerging Markets Group

* As ações de mercados emergentes vão superar as ações de mercados desenvolvidos devido ao crescimento mais rápido, aumento da renda e preços mais baratos

* “Esse desempenho superior pode durar uns cinco anos quando há impulso”

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