Por James Paton.
Impulsionadas pelas pandemias de Ebola e Zika, a GlaxoSmithKline, a Johnson & Johnson e a Sanofi estão entre as empresas farmacêuticas que apoiam uma iniciativa para o desenvolvimento de novas vacinas que poderiam ser empregadas rapidamente para conter surtos antes que eles gerem emergências globais.
As empresas farmacêuticas estão trabalhando com a Coalizão para Inovações de Prontidão Epidêmica (CEPI, na sigla em inglês), que captou US$ 460 milhões com os governos da Alemanha, do Japão e da Noruega, com a Fundação Bill & Melinda Gates e com o Wellcome Trust, informou o grupo na quarta-feira.
A Glaxo, maior fabricante de medicamentos do Reino Unido, está disposta a comprometer uma parte significativa do total estimado em US$ 40 milhões a US$ 50 milhões em custos anuais para operar a unidade proposta de prontidão biológica focada em vacinas, dando ao grupo acesso ao seu trabalho, disse o CEO Andrew Witty em entrevista por telefone. As novas vacinas precisam avançar pelo menos até o segundo dos três estágios de testes clínicos para oferecer uma espécie de “apólice de seguro” contra epidemias, disse Witty.
“Observando as diferentes ameaças pandêmicas dos últimos 10 ou 12 anos, a resposta global foi desafiada todas as vezes”, disse ele, de Davos, na Suíça. “O objetivo seria ter, por exemplo, mais vacinas completadas de fase II prontas contra o risco de possíveis patógenos, por isso quando um deles — Deus nos livre — aparecer, teremos um estado de prontidão muito melhor.”
‘Tragicamente despreparado’
A parceria global visa a encurtar o tempo necessário de desenvolvimento de vacinas para proteção contra vírus que surgem de repente como ameaças de saúde pública. A coalizão, que atualmente captou quase a metade do dinheiro necessário para os cinco primeiros anos, vai mirar primeiro nos vírus MERS, Lassa e Nipah em busca de duas candidatas a vacinas contra cada uma dessas doenças. A Índia, cofundadora do grupo, também planeja oferecer financiamento.
O Ebola e o Zika mostraram que o mundo está “tragicamente despreparado” para detectar e reagir rapidamente aos surtos, disse Bill Gates, copresidente da fundação Gates, no comunicado. O surto mais recente de ebola, na África Ocidental, provocou mais de 11.000 mortes e expôs lacunas na resposta a doenças infecciosas. Viajantes doentes chegaram a lugares distantes como o Texas, nos EUA, por exemplo.
A unidade de prontidão biológica planejada pela Glaxo ficaria em Rockville, Maryland, nos EUA, onde a empresa com sede em Londres já abriu um novo centro global de pesquisa e desenvolvimento de vacinas. A instalação operaria em uma base “sem lucro, nem prejuízo” e ajudaria a reduzir os distúrbios em uma possível crise, disse Witty.
A coalizão global tem o objetivo de ajudar a levar vacinas promissoras até o início da fase de desenvolvimento no caso de doenças com potencial de desencadear epidemias severas. Além disso, ajudará na defesa contra vírus desconhecidos ou novos, segundo o comunicado.
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