Após um mês de negociação, AB InBev adquire SABMiller por US$ 107 bilhões

Por Paul Jarvis e Thomas Buckley.

A Anheuser-Busch InBev NV fez uma oferta formal de US$ 107 bilhões pela SABMiller Plc, encerrando um acordo há muito esperado que combinará as maiores cervejarias do mundo em uma companhia que controla cerca de metade dos lucros do setor.

Para conseguir aprovação regulatória, a Molson Coors Brewing Co. comprará a participação de 58 por cento da SABMiller na MillerCoors, por US$ 12 bilhões, o que lhe dará pleno controle de marcas como Coors Light e Blue Moon. A fabricante da Budweiser planeja reduzir os custos anuais em US$ 1,4 bilhão, e um terço desse valor virá da sobreposição dos cargos da diretoria. As companhias não revelaram o nome da nova entidade nem se a equipe administrativa sênior da SABMiller vai continuar.

Apelidada de “Megabrew” pelos analistas, a nova companhia será a maior empresa de produtos de consumo básico do mundo em termos de lucros, segundo a Exane BNP Paribas, pois terá um lucro de aproximadamente US$ 25 bilhões. A cervejaria ampliada ocupará a primeira ou a segunda posição em 24 dos 30 maiores mercados de cerveja do mundo e dará à AB InBev seu primeiro ponto de apoio na África, onde cerca de 65 milhões de pessoas deverão chegar à idade legal para o consumo de bebidas alcoólicas por volta de 2023.

O acordo “promete uma transformação do panorama mundial de cervejarias”, disse Jon Copestake, analista da Economist Intelligence Unit. “A venda de uma das empresas norte-americanas da SABMiller vai acalmar um pouco os reguladores dos EUA, mas ainda existirão obstáculos regulatórios para uma fusão dessa magnitude”.

Empréstimo recorde

As famílias da Bélgica e do Brasil que controlam a AB InBev terão sua posse diluída, de mais de 50 por cento para 34,5 por cento, e ficarão com nove das 15 cadeiras do conselho. As duas maiores acionistas da SABMiller, a Altria Group Inc. e a família colombiana Santo Domingo, serão donas de 16,5 por cento, de acordo com o comunicado. A Altria terá duas cadeiras do conselho, disse a fabricante de tabaco em um comunicado. As ações da companhia fusionada serão listadas em Bruxelas, no México e em Johannesburgo.

A AB InBev financiará a parte em dinheiro da transação com recursos existentes e dívidas de terceiros. A empresa contratou bancos para captar US$ 75 bilhões em financiamento, um empréstimo comercial recorde, disse a Allen Overy Plc. O escritório de advocacia assessorou credores como Banco Santander SA, Bank of America Corp., Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ Ltd., Barclays Plc, BNP Paribas SA e Deutsche Bank AG.

Maior obstáculo

A venda planejada da participação na MillerCoors visa a “resolver de forma imediata e proativa as considerações regulatórias”, disseram as empresas. A venda deverá ser concluída no segundo semestre de 2016. A MillerCoors representava o maior obstáculo antitruste à fusão, disseram analistas, embora a participação da SABMiller na chinesa CR Snow também precise ser vendida.

Os US$ 1,4 bilhão em economia anual projetada equivalem a cerca de 9 por cento das receitas da SABMiller, excluindo empreendimentos conjuntos e associados, de acordo com James Edwardes Jones, analista da RBC Europe. A AB InBev obteve economias de custo equivalentes a 18 por cento das receitas quando comprou a Anheuser-Busch Cos. em 2008 e a 21 pro cento com a mexicana Modelo em 2013, disse ele. Para atingir esses benefícios, as empresas cervejeiras disseram que talvez precisem “implementar certas reestruturações ou reorganizações”, sem darem detalhes.

“Com 9 por cento, achamos que a companhia poderia estar subestimando o número total”, disse Edwardes Jones em uma nota.

Para o CEO da AB InBev, Carlos Brito, a combinação coroaria uma onda de aquisições de US$ 90 bilhões ao longo da última década, que transformou uma cervejaria regional em líder mundial incontestável. A proposta da SABMiller é uma aquisição parcialmente confirmada pela necessidade, pois o crescimento da AB InBev deverá perder força nos próximos cinco anos, segundo estimativas compiladas pela Bloomberg. A cervejaria belga poderia se beneficiar com o acesso a mercados emergentes na América Latina e na África, onde a SABMiller opera. No entanto, não está claro se os líderes da cervejaria no Reino Unido, como o CEO Alan Clark e o diretor para a África, Mark Bowman, vão continuar.

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