Por Christopher Anstey.
O Goldman Sachs Group, casa que concebeu o arcabouço BRIC para investimento nos maiores mercados emergentes, recomenda que os investidores “se mantenham no percurso” em suas apostas nas moedas do Brasil, Rússia e Índia, e também da África do Sul.
Mas quando se trata da China, o Goldman prevê um movimento de desvalorização “desgastante” para o yuan neste ano, “análogo a 2016”. Estrategistas de mercados emergentes do banco, liderados por Kamakshya Trivedi em Londres, previram em relatório divulgado na quinta-feira que a taxa de câmbio se depreciará para 7,3 yuans por dólar até o fim do ano. É uma estimativa mais pessimista do que a projeção mediana de 7,16 de uma pesquisa da Bloomberg. O câmbio era negociado a 6,883 na quinta-feira em Pequim.
China, Coreia do Sul e outras economias asiáticas estão vulneráveis à possibilidade de o manifesto protecionista do presidente eleito Donald Trump se transformar em políticas e medidas regulatórias nos EUA. Já Brasil, Rússia, Índia e África do Sul correm menos riscos, segundo os analistas do Goldman.
“O mapeamento das perdas de empregos nos Estados americanos decisivos para a eleição e dos fluxos comerciais entre mercados emergentes e os EUA sugere que esses candidatos de ‘bom carregamento’ têm menos probabilidade de enfrentar restrições a importações nos EUA porque suas exportações concorrem menos diretamente com os trabalhadores nos EUA”, escreveram os analistas do Goldman.
Eles citaram a melhora do balanço de pagamentos, trajetórias declinantes de inflação, rendimentos reais atraentes e perspectivas de crescimento maior neste ano nos quatro grandes mercados emergentes que favorecem.
“Apostas compradas nos mercados emergentes preferidos podem ser financiadas em mercados asiáticos de baixo rendimento excluindo Japão (won sul-coreano, dólar de Cingapura, ringgit da Malásia) ou em mercados desenvolvidos excluindo o dólar (euro, iene, libra esterlina)”, segundo os analistas.
Há potencial para o yuan recuar além de 7,3 por dólar, de acordo com o Goldman. A aceleração das saídas de capital ou uma depreciação cambial implementada em resposta ao protecionismo de Trump estão entre os cenários de risco.
“Os melhores momentos para ganhar exposição à fraqueza dólar-yuan geralmente ocorreram quando as preocupações em relação à China estavam fora do radar, ou após intervenções periódicas que eliminaram posições especulativas pessimistas e proporcionaram pontos de entrada atraentes”, escreveram os analistas do Goldman. “Continua sendo esta nossa visão hoje.”
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