Apple perde na China para duas fabricantes locais desconhecidas

Por Edwin Chan.

Há dois anos, Oppo e Vivo não entravam na lista das cinco principais empresas do mercado de smartphone da China. Agora elas superam todas as outras, após terem desbancado a Apple, graças a pessoas como Cheng Xiaoning.

Cheng administra uma próspera loja de eletrônicos na cidade rural de Miaoxia e utiliza sua conta na rede social WeChat para promover as marcas que pagam as maiores comissões: no caso dela, a Oppo e a Vivo. Embora esses pagamentos comecem a partir de 40 yuans (US$ 6), eles aumentam para os aparelhos mais caros e podem chegar a quase 200 yuans para os smartphones de primeira linha da Oppo.

“É por isso que gosto de apresentar o Oppo R9 Plus a possíveis clientes”, disse ela. “Os negócios estão perfeitos, na verdade, nunca estiveram melhor.”

Cheng e dezenas de milhares de promotores com a mesma ideia formam a vanguarda do ataque dessa dupla à Apple e à Samsung. Trabalhando com as lojas locais que dominam as vendas nas províncias remotas da China, a Oppo e a Vivo saíram do nada para derrubar a ordem do setor e expulsar a antiga queridinha local Xiaomi. Suas etiquetas enfeitam um de cada três smartphones vendidos dentro da China no terceiro trimestre, enquanto a fatia de mercado do iPhone, de 7 por cento, foi a menor em quase três anos.

As origens da Oppo e da Vivo remontam ao bilionário recluso Duan Yong Ping e ambas empregam estratégias similares. Isso inclui aproveitar o poder aquisitivo de consumidores das zonas rurais longe das principais cidades, como Pequim e Xangai. É onde a Apple é vulnerável, dado o alto preço do iPhone. Essas empresas fugiram do comércio eletrônico e optaram por cortejar as lojas onde três quartos das vendas de smartphone são realizadas. A Apple relutou mais em ceder a experiência do comércio a agentes locais independentes, que às vezes cobram às marcas por pôsteres e vitrines na loja.

Juntas, Oppo e Vivo forneceram cerca de 40 milhões de smartphones no terceiro trimestre, aproximadamente 34 por cento dos aparelhos vendidos no maior mercado do mundo, de acordo com a IDC. Em 2012, a fatia combinada de ambas era de cerca de 2,5 por cento. As remessas de iPhone despencaram mais de um terço, para 8,2 milhões durante o período — menos de metade das da Vivo. A Samsung, que já foi líder desse mercado, agora fica com aproximadamente 5 por cento, de acordo com a Counterpoint.

Como a Apple tropeçou na China, o CEO Tim Cook passou a fazer ainda mais a corte aos responsáveis por tomar decisões. Ele visitou o país várias vezes neste ano, revelou planos para centros de pesquisa em Pequim e Shenzhen e investiu US$ 1 bilhão na Didi Chuxing, concorrente do Uber. Cook disse em sua mais recente apresentação de resultados que continua confiante em um retorno ao crescimento neste trimestre.

A Samsung não quis comentar o assunto para esta reportagem, e a Apple enviou à Bloomberg aos comentários anteriores de Cook sobre a China.

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