Apple reduz planos de dominar setor automotivo

Por Mark Gurman e Alex Webb.

A Apple reduziu drasticamente suas ambições automotivas, o que resultou na eliminação de centenas de empregos e em um novo direcionamento que, por enquanto, não inclui a construção de um carro próprio, de acordo com pessoas familiarizadas com o projeto.

Centenas de integrantes da equipe automotiva, que inclui cerca de 1.000 pessoas, foram transferidas, demitidas ou abandonaram a empresa por vontade própria nos últimos meses, informaram as pessoas, que pediram anonimato porque as decisões não são públicas.

A nova liderança desta iniciativa, conhecida internamente como Project Titan, passou a enfocar o desenvolvimento de um sistema de direção autônoma que dá à Apple flexibilidade para estabelecer uma parceria com as fabricantes já existentes de carros ou para voltar a projetar seu próprio veículo no futuro, disseram as pessoas. O número de pessoas na equipe não foi alterado porque a Apple contratou funcionários que ajudarão com o novo foco, de acordo com outra pessoa.

Executivos da Apple deram à equipe automotiva um prazo até o fim do próximo ano para demonstrar a viabilidade do sistema de direção autônoma e definir o direcionamento final, disseram duas das pessoas. O porta-voz da Apple Tom Neumayr não quis comentar.

A transição e o novo prazo chegam após meses de desentendimentos em relação à estratégia, mudança de diretoria e dificuldades da cadeia de abastecimento dentro dos laboratórios sem designação de carros da Apple em Sunnyvale, Califórnia, a pouca distância da sede da empresa, em Cupertino.

A Apple não é a primeira a perceber que a perícia com aparelhos móveis e atualizações de software não é garantia de sucesso no setor automotivo. O Google, pertencente à Alphabet, aprendeu as dificuldades de construir veículos próprios e buscou parcerias. Seu projeto automotivo também sofreu abandonos. Investidores em tecnologia também são incertos. Eles estão acostumados com grandes margens de lucros, mas fabricantes de carros sobrevivem com margens líquidas muito abaixo de 10 por cento.

A Apple iniciou o Project Titan em 2014 com grandes ambições de fazer a diferença no setor automotivo que, segundo estimativas da consultoria McKinsey & Co., valerá US$ 6,7 trilhões por volta de 2030. A fabricante do iPhone mergulhou em uma enorme onda de contratações e projetava um veículo criado pela Apple para o início da década de 2020. A empresa esperava revolucionar os carros do mesmo modo que o iPhone conquistou o setor de aparelhos móveis em 2007.

No fim de 2015, o projeto estava arruinado por desentendimentos internos. Gerentes discordavam em relação ao direcionamento do projeto, de acordo com pessoas com conhecimento sobre as operações. “Foi um fracasso de liderança inacreditável”, disse uma das pessoas. No começo de 2016, o diretor do projeto Steve Zadesky, que foi engenheiro da Ford Motor e um dos primeiros criadores do iPod, abandonou o Project Titan. Zadesky, que continua na Apple, preferiu não comentar.

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