Bem-vindo a Aprimorando as relações com investidores, uma série da Bloomberg sobre o papel cada vez mais relevante das Relações com Investidores (RI) para as empresas.
O volume de dados produzidos no mundo vem crescendo em ritmo exponencial. Hoje, estima-se que 90% de toda a informação digital existente tenha sido gerada apenas nos últimos dois anos. Depois da “avalanche” provocada pela chegada da internet ao mundo corporativo, o processo foi acelerado ainda mais pela popularização dos aplicativos com uso intensivo de dados, como o processamento em tempo real, a armazenagem de dados em nuvem e, nos últimos anos, o avanço da inteligência artificial.
À medida que os stakeholders têm acesso a mais dados e, ao mesmo tempo, passam a exigir mais informações das empresas, cresce a pressão sobre os profissionais de Relações com Investidores (IROs) para disponibilizarem a eles os insights necessários. Hoje, espera-se que os profissionais de RI sejam capazes não só de responder de forma eficiente às demandas dos stakeholders, mas também apresentem a narrativa de suas empresas de forma convincente, e façam isso apoiando-se em dados de alta qualidade. Neste artigo, vamos analisar os acontecimentos das últimas décadas que resultaram nessa mudança e apresentar estratégias sobre como os IROs podem responder ao ambiente atual, que é cada vez mais complexo em termos em dados.
Das máquinas de tabulação mecânica aos big data
Para entender como chegamos até aqui, é preciso ampliar a perspectiva e observar o período que lançou as bases para o mundo orientado por dados em que vivemos hoje. Foi no período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial que a análise estatística começou a surgir como uma disciplina formal. Tal processo se iniciou a partir de análises estatísticas básicas, em formato analógico, e evoluiu para máquinas de tabulação, como a Hollerith Machine da IBM, que aceleraram o processamento de dados por meio de funções simples de registro e cálculo. Nos anos 1960, os primeiros computadores entravam em cena.
À medida que as operações de negócios foram se tornando mais complexas, também cresceu a necessidade de maior eficiência. O processamento eletrônico de dados (EDP) permitiu lidar com grandes volumes de informações, como controle de estoque ou folha de pagamento, e processá-los com maior rapidez e precisão, sem a necessidade de extensos registros em papel. Os computadores mainframe trouxeram, pela primeira vez, a possibilidade de centralizar esse processamento.
Já nas décadas de 1970 e 1980, as empresas passaram a coletar e armazenar seus próprios dados para analisar, por exemplo, tendências em RH, vendas ou operações. Foi em 1981 que a Market Systems, uma empresa fundada por Michael Bloomberg, começou a desenvolver um sistema independente e computadorizado para oferecer dados de mercado, cálculos financeiros e outros analytics em tempo real para empresas de Wall Street. O terminal Market Master, mais tarde conhecido como Terminal Bloomberg, foi lançado em 1982 e permitiu às empresas que monitorassem de forma muito mais eficiente a inteligência do mercado.
Nos anos 1990, o surgimento da inteligência de negócios (BI) orientada por dados permitiu uma exploração mais detalhada das informações e preparou o terreno para as análises quase em tempo real, que se consolidou na década seguinte.
Nos últimos anos, observamos um salto significativo na adoção de dados alternativos, nos analytics com tecnologia de IA e em estratégias de investimento centradas em dados. Para saber mais como os conjuntos de dados da Bloomberg possibilitam uma análise mais profunda e atualizada, refira-se a nossa série Data Spotlight, ou faça o download de nosso relatório especial aqui.
O que está impulsionando o crescimento dos dados?
Ao longo da evolução do uso de dados, três fatores distintos têm contribuído de modo consistente para o aumento da intensidade no uso dessas informações:
- avanços tecnológicos contínuos, como ocorreu com a evolução das máquinas de tabulação ao processamento eletrônico de dados (EDP) e à inteligência artificial;
- pressões regulatórias e dos stakeholders, como ocorre, por exemplo, com o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR) da Europa, que define regras para o processamento ou armazenamento de dados pessoais, ou ainda com a crescente demanda por dados e relatórios de ESG nas divulgações das empresas;
- surgimento de novas formas de concorrência: à medida que as empresas utilizam cada vez mais dados para identificar padrões e tomar decisões de alocação de recursos mais precisas e fundamentadas, também avança o uso da modelagem preditiva para compreender um conjunto mais amplo dos possíveis cenários.
Os dados e o trabalho dos IROs
Como essa evolução interfere no dia a dia dos profissionais de Relações com Investidores (IROs)?
Em primeiro lugar, há hoje uma expectativa crescente de sofisticação no uso de dados por parte dos profissionais de RI. Atualmente, já é possível analisar os fatores de investimento que influenciam a tomada de decisões entre os acionistas de uma empresa. Isso inclui acompanhar o sentimento de mercado dos investidores e quantificar com facilidade as forças que afetam o preço das ações.
Além disso, as equipes de RI devem ter em mente que tal dinâmica deve se intensificar nos próximos anos. Entre as tendências com o potencial de influenciar ainda mais a demanda por decisões orientadas por dados, estão:
- maior investimento em infraestrutura de dados: segundo estimativas do CFA Institute, a demanda global por energia nos data centers deve crescer em média 12% ao ano de 2025 a 2030, acompanhando um aumento de 20 vezes no tráfego global da internet desde 2010;
- aumento de funções centradas em dados: dados da OCDE mostram que houve investimentos significativos em cargos e funções relacionados a dados nos EUA, Canadá e Reino Unido, com a proliferação dessas funções para setores além de tecnologia e finanças;
- adoção generalizada de métricas corporativas vinculadas a dados: com a IA e a modelagem financeira auxiliando cada vez mais investidores a calcular o impacto de suas decisões com precisão de centavos, esse processo é amparado por um ambiente regulatório que controla todos os aspectos mencionados anteriormente, como o GDPR, o crescente emaranhado de leis de privacidade e proteção de dados dos EUA, ou leis da União Europeia, como a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) ou o regulamento de classificações ESG, que impõem às empresas a responsabilidade de rastrear dados granulares de diferentes fontes.
Os profissionais de IR desempenham, nesse processo, um papel fundamental ao conectar stakeholders internos e externos da empresa. A tarefa exige não apenas compreender a narrativa maior da própria organização, mas também ser capaz de relacioná-la ao contexto dos mercados. Com a abordagem apropriada, é possível aproveitar o crescimento da intensidade dos dados, em vez de apenas enfrentá-lo. Os profissionais de RI que já dominam o grande fluxo de dados que circula dentro e fora de sua organização têm diante de si uma oportunidade valiosa de assumir o controle e transformar esse processo em estratégias e insights acionáveis.
Como podemos ajudar?
A Bloomberg oferece às equipes de RI uma plataforma robusta e completa que reúne dados de consumo em tempo real, dados financeiros estruturados, acompanhamento da inflação, previsões econômicas e pesquisa de documentos impulsionados por IA. Tais ferramentas otimizam os fluxos de trabalho e posicionam a área de RI como uma força estratégica dentro da organização.
Seja ao se preparar para a divulgação de resultados, aprimorar suas análises competitivas ou refinar a comunicação com investidores, a Bloomberg ajuda você a liderar com impacto.
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