Por Mario Parker.
A maior produtora mundial de xarope de milho rico em frutose também gostaria de lhe vender quinoa e sementes de chia.
Durante praticamente todos os seus 116 anos de existência, a Archer-Daniels-Midland (ADM) foi conhecida como comerciante e processadora de produtos agrícolas. Mas a empresa está se reformulando, com menos ênfase no arriscado negócio do comércio de commodities e com um foco maior em fornecer itens como alimentos orgânicos e probióticos aos consumidores.
O CEO Juan Luciano diz que essa estratégia não faz parte de uma moda passageira e que ela reconhece a dura realidade de operar nos mercados agrícolas atuais. Ele projeta que haverá uma mudança global nos alimentos à medida que mais pessoas passarem a consumir uma dieta mais rica e de classe média, em que a qualidade é tão importante quanto a quantidade.
“Fornecemos alimentos para o dia do Super Bowl e para o dia seguinte ao Super Bowl”, disse Luciano em entrevista na quinta-feira na sede da ADM em Chicago. “Fornecemos amendoim para os M&Ms grandes e fornecemos xarope de milho rico em frutose para a Coca-Cola. Fornecemos farinha para a pizza, e no dia seguinte, quando você precisar voltar à normalidade, fornecemos quinoa, chia e todas essas coisas.”
Esses comentários refletem a opinião do CEO da Cargill, David MacLennan, que disse à Bloomberg News no início do ano que a proliferação de tecnologia, dados e armazenamento agrícola encerrou a era em que a ADM, a Bunge, a Louis Dreyfus e a sua empresa – conhecidas coletivamente como o ABCD do comércio agrícola – gozavam de margens gordas com a compra, o armazenamento e a venda de produtos agrícolas.
A ADM sinalizou uma mudança estratégica em 2014, quando Luciano era presidente da companhia, com a compra da alemã Wild Flavors por cerca de US$ 3 bilhões, sua maior aquisição. Desde então, a ADM tem estado ocupada vendendo algumas empresas e adquirindo outras. Em julho, anunciou planos de comprar a unidade de ração animal da InVivo por US$ 1,8 bilhão. No início deste mês, a companhia finalizou a compra da Probiotics International, que tem sede no Reino Unido, por US$ 225 milhões.
“Antes de 2014, não tínhamos uma empresa de nutrição”, disse Luciano. “Hoje temos uma empresa de nutrição com cerca de US$ 400 milhões de lucro por ano que cresce mais de 20 por cento ao ano de lucro.”
No mês passado, a ADM divulgou um lucro melhor do que o esperado no segundo trimestre, depois de aproveitar a interrupção do fornecimento de produtos agrícolas na América do Sul e as margens de processamento de soja mais fortes. A lucratividade deve continuar melhorando em 2018, afirmaram Alvin Tai e Chris Muckensturm, analistas da Bloomberg Intelligence, em nota na sexta-feira.
A ADM começou como processadora de oleaginosas e só entrou no trading para proteger suas margens, disse Luciano. A empresa cresceu e se tornou uma das maiores comerciantes agrícolas do mundo e agora está empenhada em desenvolver outras partes menos voláteis de seus negócios. Cerca de 70 por cento dos volumes movimentados pela unidade global de trading da ADM têm a ver com sua própria cadeia de abastecimento, em comparação com apenas 5 por cento anteriormente, disse ele.
“Às vezes as pessoas nos categorizam por causa do ABCD das empresas de trading”, disse Luciano. “Nosso propósito original era alimentar o mundo. Nós mudamos um pouco nosso propósito para fornecer nutrição para todo o mundo.”
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.