Por Gabrielle Coppola.
A tentativa do empresário argentino Eduardo Elsztain de restaurar a confiança em sua empresa de investimento imobiliário está conquistando os detentores de títulos. Mas os investidores em ações sentem que foram prejudicados.
Os títulos da IRSA Commercial Properties subiram desde a emissão de US$ 360 milhões em notas e sua empresa controladora, a IRSA Inversiones & Representaciones, simultaneamente recomprou parte de sua própria dívida. O acordo — em essência, uma transferência de passivos da empresa controladora à subsidiária — tranquilizou os credores ao reforçar a especulação de que eles estarão protegidos dos problemas financeiros de outro grupo controlado pela IRSA, o conglomerado israelense IDB Development, segundo a corretora AdCap Securities.
“Não está 100 por cento claro se a IRSA Commercial Properties está completamente protegida” de queixas relacionadas à IDB, disse Federico Ramos Taboada, analista da AdCap, “mas existe uma nova camada que eles teriam que atravessar”.
A Spruce Point Capital Management desencadeou uma queda dos títulos e das ações da IRSA em novembro, quando alertou que a IDB expõe a empresa controladora a US$ 6,7 bilhões em pedidos de falência, algo que a IRSA refutou. O ponto central da disputa é se a IRSA tem responsabilidade sobre a dívida da IDB. A Spruce afirmou que sim. A IRSA reiterou, em um comunicado de 24 de novembro, que os credores da IDB não têm direitos sobre seus ativos.
Recuperação dos títulos
A IDB já estava operando sob recuperação judicial quando a IRSA assumiu controle pleno da empresa, em 2015.
Procurada para comentar o assunto, a IRSA fez referência ao comunicado de novembro.
Apesar da alta dos títulos da IRSA e da IRSA Commercial Properties, as ações da empresa negociadas nos EUA ainda estão sendo negociadas abaixo do nível anterior à emissão do alerta da Spruce, em 20 de novembro. A ação caiu 47 por cento no período de três meses até 20 de janeiro. Desde então, se recuperou e agora está em baixa de 8 por cento em relação ao dia anterior ao comunicado.
Elsztain, CEO e acionista controlador da IRSA, recebeu apoio do bilionário George Soros no início de sua carreira e tem um histórico de compra de ativos distressed baratos, incluindo o icônico Lipstick Building de Manhattan, em 2008. A IRSA afirma ter investido US$ 515 milhões na IDB, empresa com sede em Tel Aviv com negócios nos setores imobiliário, de comunicação, de produtos agrícolas, de seguros e de tecnologia.
Antes do investimento na IDB compensar para a IRSA, Elsztain precisará se livrar de alguns ativos para reduzir dívidas, disse Harald Haukas, que ajuda a administrar cerca de US$ 4,5 bilhões em ativos, incluindo ações da IRSA, no fundo Skagen, com sede na Noruega.
A IRSA disse que ainda é “incerto” quando os investidores verão todos os benefícios de seu investimento no conglomerado israelense.
“Há um enorme potencial em cada uma das empresas operacionais” do grupo IDB, escreveu a IRSA em um comunicado enviado por e-mail. “Estamos trabalhando para simplificar a estrutura a fim de liberar o valor”.
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