Argentina mira investimento de US$ 2 bi em energia limpa

Por Vanessa Dezem e Pablo Gonzalez

A Argentina estabeleceu as regras para o seu primeiro leilão de energia renovável, evento que deve resultar em até 1 gigawatt em nova capacidade, principalmente com parques eólicos e solares.

O leilão poderá gerar até US$ 2 bilhões em investimentos, disse o governo em comunicado enviado por e-mail na quarta-feira. O prazo para apresentação de propostas é 22 de agosto e os resultados serão anunciados em 28 de setembro, disse o subsecretário de Energias Renováveis, Sebastián Kind, em entrevista.

Este será o primeiro leilão de energia desde que o país aprovou uma lei, no ano passado, para promover um maior uso da energia renovável. O presidente Mauricio Macri busca ampliar os esforços da Argentina para combater a mudança climática e diversificar a matriz energética do país. O plano do governo é continuar promovendo leilões deste tipo.

“O governo fez o que disse que faria e o que o mercado esperava, o que é bom”, disse Ana Verena Lima, analista da Bloomberg New Energy Finance em São Paulo. “Isso gera confiança de que os investimentos começarão a chegar ao mercado e que os bancos ampliarão sua capacidade de financiamento para projetos de energia renovável. Se tudo der certo, o mercado olhará para a Argentina com mais confiança”.

Nova capacidade

Mais de 60 por cento da energia da Argentina é gerada a partir de combustíveis fósseis, segundo a Bloomberg New Energy Finance. O leilão incluirá 600 megawatts de energia eólica, quase o triplo dos 215 megawatts em operação atualmente, e 300 megawatts de energia solar, contra quase nada atualmente, além de 65 megawatts de energia de biomassa, 20 megawatts de pequenas hidrelétricas e 15 megawatts de biogás.

Os projetos deverão ser financiados com títulos de dívida e finanças corporativas e bancos multilaterais oferecerão garantias, segundo Verena.

As empresas desenvolvedoras competirão por contratos de 20 anos para a venda de energia por meio dos projetos elétricos planejados, que deveriam ser concluídos até dois anos depois do leilão. Até 8.000 empregos poderão ser criados na construção dos parques.

Os preços de contrato provavelmente ficarão mais próximos de US$ 40 por megawatt-hour do que as taxas atuais, de mais de US$ 100, disse Kind, em parte porque a Argentina oferecerá uma garantia soberana e o Banco Mundial planeja fornecer uma garantia especial de US$ 500 milhões.

“O esquema de garantia que estruturamos para esse leilão deveria garantir que os ofertantes que ficarem com os projetos recebam um financiamento 300 pontos-base abaixo do soberano”, disse Kind. “Este é o principal fator de sucesso desse leilão”.

Os leilões dos próximos quatro anos serão definidos em outubro e o país espera gerar um total de 10 gigawatts de capacidade.

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