Por Pablo Gonzalez.
A Argentina está oferecendo aos investidores a melhor oportunidade dos últimos 25 anos com as reformas do presidente Mauricio Macri na combalida economia latino-americana, segundo o incorporador imobiliário Eduardo Elsztain.
“É difícil expressar quanto valor as mudanças feitas por Macri estão trazendo ao país”, disse Elsztain, que controla a maior empresa imobiliária de capital aberto do país, a IRSA Inversiones y Representaciones SA. “Estamos executando o programa de investimentos mais agressivo dos últimos 25 anos porque os valores ainda estão baixos.”
A segunda maior economia da América do Sul se expandirá neste ano e no próximo, apesar de os investidores estrangeiros continuarem mostrando cautela antes das eleições legislativas de outubro, segundo Elsztain. O país virou o queridinho do mundo dos investimentos nos anos 1990, quando o presidente Carlos Menem domou a hiperinflação, vendeu ativos estatais e abriu a economia, algo que Macri agora está tentando repetir.
A Argentina é administrada por profissionais sofisticados e seus juros elevados em relação aos praticados pelos países vizinhos começaram a diminuir depois que o país saiu da condição de calote no ano passado, disse Elsztain. O Paraguai e a Bolívia recentemente venderam títulos a taxas mais de 200 pontos-base inferiores às que a Argentina está pagando.
Reconstrução da confiança
“O processo de construção da confiança não leva 24 horas”, disse Elsztain, que também controla o conglomerado israelense IDB Development, em entrevista na sede global da Bloomberg, em Nova York. “Estar apenas dois pontos percentuais acima do Paraguai e da Bolívia é uma conquista incrível, mas ainda há muitos desafios pela frente.”
A Argentina precisa continuar reduzindo seu déficit fiscal, que foi de 4,6 por cento do produto interno bruto em 2016, e combater a crescente inflação, disse o investidor de 57 anos, que tem formação em Economia pela Universidade de Buenos Aires.
A economia encolheu pelo segundo mês seguido em fevereiro e os declínios da manufatura e do comércio minam a incipiente recuperação observada no fim do ano passado, mostraram dados do instituto nacional de estatísticas nesta semana.
Elsztain disse que estará “ativo no futuro” na FIH Group, uma importante proprietária de terras das Ilhas Malvinas na qual possui participação minoritária. O empresário argentino decidiu cancelar uma proposta para assumir o controle da FIH em março depois que o governo local interveio e alertou Elsztain que poderia efetivamente expropriar as terras e os direitos comerciais da companhia se ele assumisse o controle.
Sem conflito
Essa abordagem veio depois que a FIH afirmou que havia concordado com as condições de uma oferta separada da Staunton Holdings.
“Nós investimos naquela companhia 10 anos atrás porque ela tem valor em termos de pesca, petróleo, terras e turismo”, disse Elsztain na entrevista. “A oferta foi muito baixa e nós dissemos que estamos prontos para melhorá-la porque essa companhia vale muito mais.”
O controle britânico das Ilhas Malvinas é contestado pela Argentina. O Reino Unido chama o arquipélago de Falkland Islands. A tomada de controle de uma das maiores proprietárias de terras do território testaria a postura da primeira-ministra britânica, Theresa May, sobre aquisições por estrangeiros e seria politicamente controversa.
“Nós consideramos que este é um bom investimento”, disse Elsztain. “Trata-se de uma companhia muito dinâmica e a longo prazo nenhum governo acreditará que existe algum sentido em ter um conflito militar entre a Argentina e o Reino Unido.”
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