Por Carolina Millan e Katia Porzecanski.
A Argentina pode tentar vender US$ 15 bilhões em títulos para liquidar a dívida com os credores, disse o ministro de Finanças Alfonso Prat-Gay em 23 de fevereiro. O país vai emitir títulos internacionais para pagar credores que chegarem a um acordo com a nação em 29 de fevereiro, assim que o Congresso revogar leis que barram o pagamento dos credores, disse ele.
O anúncio segue uma decisão judicial decretada pelo juiz distrital dos Thomas Griesa, que concordou em 19 de fevereiro levantar liminares barrando a Argentina de serviço da dívida ou levantar capital nos mercados de dívida internacionais, se estiverem reunidas as condições.
O governo espera economizar US$ 5 bilhões, em decorrência dos termos do acordo que propôs aos seus credores, e um adicional de US$ 3 bilhões ao pagar os portadores de títulos em dinheiro em vez de uma troca de títulos, acrescentou Prat-Gay.
“Estamos estudando os detalhes da proposta que iremos enviar ao Congresso”, disse Prat-Gay do Ministério da Fazenda juntamente com secretário de Finanças Luis Caputo. “Muito vai depender do número de fundos que se juntaram a proposta na próxima semana. Estamos planejando fazer as coisas de tal forma que só temos que ir ao Congresso mais uma vez sobre este assunto.”
Os títulos argentinos caíram após o anúncio, com Bonar 2024 bonds emitidos sob legislação local.
“A fraqueza no Bonar 24s é resultado da dívida se movendo mais rápido do que o esperado, uma eventual preferência por dívida em NY com rendimentos relativos atuais e o medo de um excesso de oferta em dívida local”, disse Jane Brauer, estrategista do Bank of América.
Não há data definida ainda para o congresso discutir a revogação da chamada Lei do fechamento e da Lei de Pagamento Soberano, que barra o país de reabrir as reestruturações de 2005 e 2010 e o mandato do país fazer pagamentos de obrigações através de canais locais, disse Prat-Gay.
Revogar as leis estão entre os requisitos do juiz dos EUA para levantar a liminar. O Congresso da Argentina só volta em 1° de março.
O mediador da dívida, Daniel Pollack, também enviou uma declaração em 22 de fevereiro notando que cinco novos fundos concordaram em resolver com a Argentina para um total de US$ 250 milhões e 185 milhões de euros. A Argentina já concordou em pagar mais de US$ 1 bilhão para liquidar com o bilionário Kenneth Dart da EM Ltd. e Montreux Partners, além de acordos com os detentores de dívida denominados em euros e 50.000 portadores de títulos italianos. Os acordos fazem parte de uma estratégia do presidente recém-eleito Mauricio Macri para cumprir a promessa de chegar a acordos que permitam a segunda maior economia da América do Sul retornar aos mercados de capitais globais.
“Todos os bancos com os que falei estão confiantes de que podemos levantar o dinheiro que precisamos no mercado”, disse Caputo. “Estamos otimistas.”
A Argentina está considerando todas as jurisdições e opções para a nova emissão, disse Prat-Gay, sem especificar se os títulos seriam emitidos sob jurisdição local ou estrangeira. O país foi isolado de mercados internacionais desde o seu default de US$ 95 bilhões, em 2001.