Argentina tem longo caminho para igualar êxito do xisto dos EUA

Por Jonathan Gilbert.

A formação de xisto de Vaca Muerta, na Argentina, uma das maiores do mundo fora da América do Norte, oferece toneladas de promessas para o futuro energético do país. Mas não prenda a respiração à espera dos resultados.

O ministro de Energia, Juan José Aranguren, o bilionário investidor Paolo Rocca e os economistas otimistas do Morgan Stanley preveem um rápido crescimento da região, que comparam com as bacias Eagle Ford e Permian, nos EUA, fontes de petróleo e gás natural saturado que geram bilhões em receita.

O motivo: Vaca Muerta oferece à Argentina, que enfrenta há anos uma inflação galopante, uma boia de salvação econômica para o futuro. Contudo, antes de o campo atingir seu potencial, gasodutos e oleodutos precisam ser construídos, estradas, ferrovias e redes de energia precisam ser atualizadas e os custos de perfuração, 30 por cento ou mais acima dos registrados nos EUA, precisam cair, dizem especialistas do setor.

“A questão se resume a ganhar impulso e isso levará anos”, disse o diretor global de upstream da Royal Dutch Shell, Andrew Brown, a jornalistas, em um evento em 18 de abril, na área de exploração de xisto de Sierras Blancas. “Se os custos chegarem ao nível que queremos, isto se concretizará.”

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, se reunirá com executivos do setor de petróleo e gás em Houston, EUA, na quarta-feira para angariar investimentos para Vaca Muerta. Até o momento, a área de xisto atrai cerca de US$ 4 bilhões por ano, mas são necessários cerca de US$ 15 bilhões em investimentos anuais, disse Emilio José Apud, membro do conselho da estatal argentina YPF, à agência de notícias Télam, na segunda-feira.

O custo médio de perfuração e completação de um poço horizontal em Vaca Muerta era de US$ 11,2 milhões em 2015, contra US$ 6,5 milhões a US$ 7,8 milhões em Eagle Ford, informou a Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, em sua sigla em inglês) em relatório, em fevereiro. A YPF informou que atualmente está investindo cerca de US$ 8,2 milhões para abrir um poço horizontal na região e a Shell coloca seu valor pouco abaixo de US$ 10 milhões.

Atualmente Vaca Muerta produz o equivalente a cerca de 62.000 barris de petróleo por dia, de acordo com um relatório de 29 de março de analistas do Morgan Stanley liderados por Bruno Montanari. Isso é uma fração dos mais de 5 milhões de barris de petróleo extraídos diariamente das operações de xisto nos EUA, de acordo com dados da EIA.

Ritmo de investimento

Neste ano, a Shell e a YPF se comprometeram a investir cerca de US$ 300 milhões em uma joint venture, enquanto a Schlumberger anunciou um projeto piloto de US$ 390 milhões, também com a YPF. O investimento de US$ 2,3 bilhões da Tecpetrol de Rocca para perfurar 150 poços, anunciado em março, será realizado ao longo de três anos.

Mas o investimento de capital global parece estar perdendo força, e não acelerando como esperava o governo Macri, segundo relatório do Morgan Stanley. Os analistas do banco estimam que o investimento seja de cerca de US$ 3 bilhões ao ano no ritmo atual, contra US$ 4,3 bilhões no período 2014-15.

Em uma tentativa de impulsionar os investimentos, o governo Macri recentemente estendeu um programa que garante que as empresas receberão um preço mínimo pelo gás que produzirem até 2021 e intermediou um acordo com os sindicatos. Isso pode reduzir os custos trabalhistas em 20 por cento a 25 por cento, disse Aranguren, o ministro de Energia, em entrevista em 9 de março.

Ele acredita que Vaca Muerta tem uma curva de desenvolvimento mais rápida que a do xisto dos EUA. “Se você observar o que aconteceu nos últimos cinco anos na Argentina com Vaca Muerta, o desenvolvimento foi mais rápido que o das fontes não convencionais dos EUA”, disse ele.

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