Por Pavel Alpeyev.
Quando alguém pergunta a Siri se ela tem namorado, a assistente digital do iPhone desvia rapidamente a pergunta fazendo uma brincadeira sobre drones que tentam conquistá-la.
Para Minori Takechi, fundador da Vinclu, trata-se de uma oportunidade perdida.
Takechi é o criador de Hikari Azuma, um avatar que usa minissaia. Ela é capaz de ter conversas básicas e pode acordar você de manhã acendendo as luzes. Hikari lhe mandará mensagens quando você estiver no trabalho e lhe dará as boas-vindas quando você voltar para casa. Ela também lhe custará cerca de US$ 2.700.
Embora a Amazon.com e o Google estejam progredindo rapidamente em suas iniciativas para colocar assistentes ativados por voz na casa dos consumidores, Takechi diz que esses produtos estão excessivamente voltados a fornecer serviços. Em vez disso, sua startup com sede em Tóquio aposta que as pessoas desejam estabelecer um vínculo emocional com um assistente digital.
“Imagino um mundo onde as pessoas possam compartilhar a vida cotidiana com seus personagens fictícios preferidos”, disse Takechi, 29. “Vivemos em uma época em que os robôs estão começando a entrar em nossas casas. Mas grande parte do que se vê agora é mecânico e inorgânico, eu duvido que as pessoas queiram se comunicar com algo assim.”
Hikari mora em um cilindro de vidro do tamanho de uma cafeteira chamado Gatebox, como uma projeção semelhante a um holograma em uma tela. E ela gosta de flertar. Se você disser que gosta dela, Hikari responderá, “hoje, amanhã e depois de amanhã!”.
Na modalidade atual, o atrativo do Gatebox talvez esteja limitado ao Japão, que ganhou a fama (um tanto exagerada) de ser um lugar onde homens solteiros prefeririam estabelecer uma relação com uma namorada virtual. A boa notícia é que a companhia pretende oferecer diversos avatares, que poderiam ser qualquer coisa, como personagens de desenhos animados ou heróis esportivos.
A Vinclu não é a única empresa a apostar que a emoção deverá ser um ingrediente fundamental para um acompanhante robótico de IA. A Groove X, outra startup japonesa, está trabalhando em um robô que “toca seu coração”.
Quando Takechi resolveu arrecadar dinheiro no começo de 2015, antes de o Echo da Amazon começar a conquistar adeptos e de o Google Home ser lançado, a maioria dos investidores não estava disposta a financiar um projeto de hardware, disse ele. Mesmo assim, ele conseguiu juntar inicialmente 20 milhões de ienes (US$ 180.000) com base em esboços conceituais. Um dos primeiros fãs foi Taizo Son, irmão mais novo do fundador da SoftBank Group, Masayoshi Son.
Até o momento, a Vinclu levantou cerca de 200 milhões de ienes de investidores como Primal Capital e Incubate Fund. A Line, maior empresa de mensagens instantâneas do Japão, comprou uma participação majoritária na startup em março como parte de sua incursão em IA.
“Combinar o know-how e a tecnologia do Gatebox com a nossa própria plataforma de IA Clova possibilitará o desenvolvimento de um novo tipo de agente além da tela e do toque que será capaz de enriquecer a vida dos usuários e torná-la mais divertida”, disse Jun Masuda, diretor de estratégia e marketing da Line. A companhia pretende lançar seu próprio assistente de voz, Wave, no começo do verão do hemisfério norte.
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