Por Mark Whitehouse.
As pessoas continuam dizendo que a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia obrigará o setor financeiro global a tirar parte de seus negócios de Londres. Por isso, é estranho ver que está acontecendo exatamente o contrário, pelo menos no quesito empréstimos.
O papel de Londres como centro financeiro envolve muitos empréstimos transnacionais. A unidade britânica de um banco francês poderia oferecer crédito a um fundo de investimentos alemão, ou um banco americano poderia conceder empréstimos industriais na Europa a partir de sua subsidiária no Reino Unido. Portanto, a quantidade de crédito que flui do Reino Unido para outros países pode servir de indicador da importância do país nas finanças globais.
O que ocorreu com esse indicador desde junho de 2016, quando os britânicos votaram pela saída da UE? Se os bancos vêm transferindo suas atividades para Frankfurt ou Dublin, a expectativa seria de declínio. Mas o indicador na verdade se moveu na direção contrária. As exposições transnacionais dos bancos localizados no Reino Unido — incluindo empréstimos e títulos — aumentaram US$ 155 bilhões entre junho de 2016 e setembro de 2017, segundo o Banco de Compensações Internacionais. Enquanto fatia do produto interno bruto do país, este é o segundo maior ganho entre os países Europeus (depois do da França – que vem tentando tomar os negócios bancários do Reino Unido). Supera também os EUA e o Japão.
É verdade que o êxodo ainda pode acontecer e dependerá em grande parte da natureza do acordo que o Reino Unido acabará fechando com a UE. Mas se os bancos realmente estiverem preocupados com a possibilidade de o Reino Unido se tornar um lugar pouco atrativo para fazer negócios internacionais, eles estão demonstrando isso de uma forma esquisita.
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