Ativo de commodity mais quente do momento é um navio de aço de 35.000 toneladas

Por Anna Shiryaevskaya.

Em um momento em que as produtoras de commodity estão realizando baixas contábeis de bilhões nos valores dos ativos e cancelando projetos em todo o mundo, um nicho do mercado de gás está se expandindo.

Os navios híbridos, chamados de unidades flutuantes de armazenamento e regasificação (FSRU, na sigla em inglês), oferecem a países emergentes como Egito e Paquistão uma forma mais barata e rápida de atacar a escassez de energia importando gás natural liquefeito. O custo de construção é de cerca de US$ 300 milhões, ou metade de um terminal de importação em terra, e esses navios ficam prontos e entram em funcionamento seis vezes mais rapidamente, às vezes em apenas um ano, segundo as proprietárias Hoegh LNG Holding Ltd. e Excelerate Energy LLC.

Como os preços do combustível caíram 64 por cento em relação ao pico do ano passado, o movimento de preços tornou sua importação mais popular e os compradores buscaram uma rota mais rápida para o GNL em meio à crescente demanda por energia. Hoegh prevê que até 55 desses navios, que são construídos em estaleiros na Coreia do Sul, estarão em uso dentro de cinco anos, contra cerca de 20 atualmente e apenas um há uma década.

“O fator principal é a velocidade”, disse Sveinung Stohle, CEO da Hoegh, por telefone, do escritório da empresa, em Oslo. “A demanda por FSRUs acompanha uma redução drástica no custo do GNL. Nós vemos que isso causou um aumento muito grande nos pedidos”.

A Hoegh subiu 44 por cento neste ano nas negociações em Oslo. Como comparação, o Bloomberg World Mining Index, formado por 79 membros, caiu 26 por cento, liderado pelo declínio de 57 por cento da Glencore Plc em meio à redução nos preços de matérias-primas como o carvão e o cobre.

O petróleo ainda domina o comércio internacional de energia por causa da facilidade de bombeamento do petróleo para os navios. O gás foi historicamente vendido apenas por meio de dutos, o que impôs limites geográficos sobre a compra e a venda. Agora, imitando o petróleo, mas com o custo adicional da nova infraestrutura, o GNL responderá pela maior parcela do ganho de 40 por cento no comércio inter-regional de gás até 2020, projeta a Agência Internacional de Energia.

Limites ao carbono

As FSRUs estão surgindo como a alternativa mais rápida para as importações justamente em um momento em que os países que impõem limites às emissões de dióxido de carbono estão recorrendo ao gás, um combustível duas vezes mais limpo que o carvão.

Com os preços em baixa, “o gás natural ambientalmente benéfico e entregue como GNL está se tornando competitivo em relação ao carvão” em termos de geração de energia, disse Graham Robjohns, CEO da Golar LNG Partners LP, em uma conferência de lucros no dia 27 de agosto. A Golar LNG, que tem sede em Hamilton, nas Bermudas, tem 6 FSRUs em operação e encomendou outras duas. Os terminais flutuantes respondem por 28 por cento da capacidade de importação em construção, segundo o Bank of America Corp.

A competição para o fornecimento de FSRUs reduziu os custos de leasing desses navios em 20 por cento, para cerca de US$ 120.000 por dia, em relação a cinco anos atrás, disse Keith Bainbridge, diretor-gerente da consultoria do setor CS LNG, em Londres.

Copiando o petróleo

Quando os navios de 300 metros estão atracados, o combustível é transferido dos petroleiros que chegam por meio de dutos. O GNL, resfriado para menos 162 graus Celsius, é então transformado em gás a bordo e normalmente usado em terra, em uma usina de energia próxima. A ideia foi copiada dos mercados petrolíferos, nos quais a produção, a armazenagem e a descarga de navios flutuantes são usadas desde os anos 1970, segundo a AIE.

A demanda global de gás subirá 2 por cento ao ano no período de seis anos até 2020, disse a AIE em junho. A Jordânia recebeu sua primeira FSRU em maio e o Paquistão iniciou as importações em março. Mais FSRUs poderão ser necessárias na América Latina, segundo Stohle.

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