Atraso no Trump Hotel traz preocupação a hospedagem nas Olimpíadas

Por Tariq Panja e Jonathan Levin.

As empreiteiras por trás do primeiro hotel com a marca Trump no Rio de Janeiro estão correndo para abrir o imóvel em julho, poucas semanas antes das Olimpíadas. Nem todos acreditam que elas conseguirão.

Diversas federações esportivas internacionais, candidatas a se hospedar no Trump Hotel, no bairro turístico Barra da Tijuca, foram informadas pelos organizadores olímpicos na semana passada de que eles estão preocupados com que o hotel não fique pronto a tempo e de que foi organizado um plano alternativo de hospedagem. “Esse é o hotel que tememos”, disse Agberto Guimarães, diretor esportivo da Rio 2016, à Associação de Federações Olímpicas Internacionais na semana passada em Lausanne, na Suíça.

No entanto, o Trump está mais adiantado do que dois hotéis Holiday Inn que deveriam ficar prontos para o evento. Neste mês, a InterContinental Hotels Group disse que os hotéis foram adiados para 2017, depois dos jogos. Em resposta enviada por e-mail, a Trump Hotels disse que a empreiteira garantiu que o hotel abrirá no elegante Jardim Oceânico, parte da Barra da Tijuca, antes da primeira Olimpíada da América do Sul.

Embora o Rio de Janeiro esteja encaminhado para entregar a infraestrutura esportiva a tempo para os jogos, que começarão no dia 5 de agosto, essa dificuldade com a hospedagem salienta como a situação poderia descarrilar na reta final. Uma delegação de inspeção do Comitê Olímpico Internacional concluiu recentemente que havia “milhares e milhares de pequenas tarefas” inconclusas. Entre as principais preocupações está a pista coberta de ciclismo, que não cumpriu diversos prazos. Um evento de teste no local foi adiado para o fim de junho.

As maiores preocupações se referem às obras de infraestrutura que não foram concluídas; em particular, uma extensão essencial do metrô que vinculará a turística zona sul à zona oeste da cidade, onde a maioria dos eventos acontecerá. O desabamento na semana passada de uma nova ciclovia, inaugurada em janeiro e anunciada como um legado dos Jogos Olímpicos, não ajudará a inspirar confiança na capacidade do Rio de Janeiro em terminar os preparativos a tempo. Pelo menos duas pessoas morreram quando um segmento de 50 metros da ciclovia elevada despencou no Oceano Atlântico. Mais pessoas estão desaparecidas.

“Embora um progresso substancial tenha sido realizado na construção das sedes durante os últimos meses, muitos detalhes que asseguram a prontidão operacional ainda precisam ser resolvidos nos meses que restam”, disse o grupo que representa as federações olímpicas em um comunicado. “Sentimos que isso pode ser resolvido, mas será necessária agilidade nas decisões e ação”.

Os organizadores reservaram 28.000 quartos para os clientes. O número não inclui a vila dos atletas para os participantes ou espectadores que devem ir para o Rio de Janeiro. A cidade não atingirá a meta prometida de expansão hoteleira e dependerá de parceiros como Airbnb para preencher as lacunas.

Cerca de 90 por cento dos quartos em hotéis de três, quatro e cinco estrelas foram reservados pelas delegações, disse Alfredo Lopes, presidente do braço do Rio de Janeiro da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis. Mesmo em meio à recessão mais profunda em um século, ao surto do vírus zika e à turbulência política, com a presidente Dilma Rousseff enfrentando possibilidade de impeachment, será difícil encontrar um quarto disponível durante os jogos, disse ele.

“Nós vamos ter ocupação próxima de 100 por cento na cidade”, disse Lopes, em uma entrevista. “Todo esse nível de más notícias financeiras ou políticas não afetou esse lucro das Olimpíadas.”

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