Aumenta o foco das empresas em inteligência artificial

Por Michael McDonough.

A melhora gradual da economia dos EUA e o aumento dos salários podem finalmente elevar a produtividade. Paralelamente, este movimento também pode acelerar os distúrbios no mercado de trabalho provocados pela tecnologia.

O crescimento da produtividade nos EUA começou a se recuperar e não é coincidência que isto ocorra quando a economia atinge o pleno emprego. O quadro tende a amplificar pressões salariais, tornando a mão de obra mais cara. Para impulsionar a produtividade, as empresas tomarão medidas mais agressivas para otimizar a produção diante do aumento dos custos trabalhistas. Ainda é cedo para declarar que a tendência está arraigada, mas há sinais convincentes de que está tomando corpo.

A Amazon.com recentemente inaugurou uma loja física sem pessoas nos caixas ou balcões para pagamento, descortinando o potencial distúrbio que vai se formar no mercado de trabalho americano. Cerca de 3,5 milhões de pessoas trabalham como caixas nos EUA em diversos ramos do varejo, segundo dados oficiais. Os potenciais distúrbios no curto prazo vão muito além do varejo. Antes que a tecnologia de veículos sem motorista chegue aos automóveis, é provável que chegue aos caminhões. A Otto, comprada recentemente pela Uber, já usou um caminhão sem motorista para transportar 2.000 engradados de Budweiser de uma fábrica da Anheuser-Busch em Loveland até Colorado Springs, percorrendo uma distância de quase 200 quilômetros. A Associação Americana de Caminhões calcula o número de caminhoneiros profissionais do país em 3,5 milhões.

Além do aumento nascente da produtividade, as empresas começam a mostrar mais interesse na inteligência artificial – a tecnologia que está no centro do debate. No quarto trimestre de 2016, 191 transcrições de diálogos publicadas pelo Bloomberg Transcript mencionavam “inteligência artificial”, comparado a 44 citações um ano antes e 17 no último trimestre de 2014. Com o avanço dos salários, a introdução de tecnologias que chacoalham o mercado de trabalho pode até direcionar o debate político para o desequilíbrio de capacitações no mercado de trabalho dos EUA, em vez do foco no que o presidente Donald Trump entende como acordos comerciais injustos.

Em vez de impor tarifas sobre alguns dos parceiros comerciais dos EUA, o governo poderia ajudar mais a indústria ao introduzir reformas que garantam o futuro da economia americana. No curto prazo, estas seriam a redução da alíquota de imposto de pessoa jurídica e medidas para atrair trabalhadores altamente qualificados do exterior para preencher vagas nos EUA. No longo prazo, Trump poderia considerar o incentivo a escolas vocacionais e diplomas em ciências, tecnologia, engenharia e matemática. Esse tipo de estímulo também ajudaria a fortalecer a indústria de alta tecnologia, na qual os EUA ainda mantêm forte vantagem competitiva, além de melhor preparar o país para tecnologias potencialmente perturbadoras.

A retomada do crescimento da produtividade e o acesso a uma oferta crescente de trabalhadores qualificados também ajudariam a atingir os ambiciosos objetivos de Trump para a expansão econômica.

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