Aumento do custo de transporte prejudica empresas de grãos

Por Manisha Jha e Thomas Biesheuvel.

O aumento dos preços para exportar ferro e carvão está virando uma dor de cabeça para os traders de grãos.

O custo de deslocamento de praticamente todas as commodities a granel — de fertilizantes e sal até rochas — disparou a partir de julho, elevando o principal indicador de frete da Baltic Exchange, com sede em Londres, para o valor mais alto em quase quatro anos. O rali foi desencadeado pela demanda insaciável da China por carvão e minério de ferro, mais do que triplicando as tarifas dos gigantescos navios Capesize que dominam ambas as operações.

A disparada está aumentando as tarifas de transporte marítimo de uma maneira geral, o que é uma má notícia para os traders agrícolas que já têm que lidar com o maior excesso de oferta em anos: eles estão tendo que pagar mais para transportar a colheita em um momento em que estão com dificuldades para pagar.

“A demanda por navios Capesize no Pacífico foi muito abrupta, em parte por causa da China”, disse Alexander Karavaytsev, economista do Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês). Houve um “excesso de demanda” por navios menores — chamados Panamax, Supramax e Handysize, que também são usados para grãos — porque a disponibilidade de transportes maiores também é restrita no Oceano Atlântico, disse ele.

Problemas

Os mercados de frete de commodities, que já passaram pelo seu próprio pior momento, agora estão começando a se recuperar graças a fluxos de minério de ferro e carvão que neste ano se expandirão para a maior tonelagem desde 2014. Isto chega em um contexto de forte desaceleração da expansão das frotas.

A média do índice Baltic Dry, uma estimativa geral das principais rotas para commodities secas da Baltic Exchange, é de 1.127 pontos até este momento de 2017 e está prestes a encerrar o melhor de quatro anos.

A disparada é liderada pela China. O comércio global de minério de ferro e de carvão dará um salto de 5,3 por cento para um combinado de 2,69 bilhões de toneladas neste ano e cerca de metade dos embarques irá para o país asiático, segundo dados da Clarkson Research Services, uma divisão do maior corretor de navios do mundo. Com a frota de navios Capesize crescendo apenas 3,2 por cento, o uso — e as tarifas — dos navios de todas as categorias aumentou, até dos menores de todos.

Para os traders agrícolas está ficando difícil aguentar o custo crescente do frete porque os preços das colheitas estão sendo prejudicados pelo excesso de oferta. Projeta-se que os estoques mundiais de grãos nesta temporada aumentarão pelo quinto ano consecutivo para o recorde de cerca de 726 milhões de toneladas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. O número ultrapassa o recorde do ano passado e é 7 milhões de toneladas superior à projeção do mês anterior.

“Alguns compradores estão ficando mais sensíveis aos preços e se adaptam passando a obter os grãos em países de origem que oferecem um transporte mais barato”, disse Karavaytsev, do IGC.

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