Automação do trade em renda fixa e sua utilização em condições de mercado turbulentas

Cenários de volatilidade normalmente diminuem o uso de tecnologias de automação, mas a pandemia da COVID-19 acelerou o movimento na direção da automação.

Em um ambiente de mercado tranquilo, a automação evolui à medida que os clientes adaptam a negociação eletrônica para otimizar processos, testar uma variedade de novas tecnologias e adaptá-las até que as novas ferramentas e componentes se tornem parte das práticas de trabalho do dia a dia.

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Mas, em momentos turbulentos, os mercados operam manualmente. No entanto, as características atuais dos mercados são muito peculiares, uma vez que outros fatores contribuíram para este cenário turbulento – especialmente o trabalho em home office. Embora o trabalho remoto fosse algo impensável no passado, o “novo normal” veio provar que os bancos e administradoras de ativos podem aderir a este modelo durante uma pandemia, por exemplo, em vez de depender apenas do trabalho presencial em escritórios.

Entretanto, a mudança reduziu o espaço disponível nas telas/monitores de muitos, se não de todos, participantes do mercado, levando-os a buscar novas soluções compatíveis com o cenário atual. Estas instituições tiveram que adaptar e digitalizar processos em todos os seus departamentos/áreas para responder às novas condições de mercado e trabalho. A adoção gradual da automação foi substituída por um movimento mais revolucionário. E ficou claro que os benefícios da automação estão sendo reconhecidos por um número cada vez maior de participantes do mercado.

De modo geral, a automação funciona bem se outras condições de mercado, tais como a capacidade de resposta dos dealers e o slippage mínimo (diferença mínima de preços de execução), permanecerem constantes, já que as regras de negociação automatizada foram definidas quando o mercado se encontrava em condições normais. No entanto, após a COVID-19, estas mudaram de maneira clara. Como consequência, as empresas que não ajustaram os parâmetros das regras de negociação às novas condições têm visto uma redução nos índices de negociação.

Da perspectiva do trading, o espaço disponível em tela pode ficar mais limitado quando os traders trabalham remotamente. Assim, as tarefas do dia a dia, incluindo operações de negociação de tickets de pequeno porte, podem se tornar mais demoradas e estar mais sujeitas a erros. No entanto, ao adotar a automação do trade em renda fixa neste ambiente, as empresas do buy-side ganham uma vantagem competitiva. Foi necessário se adaptarem rapidamente e implementarem um processo para que as máquinas cuidassem das transações mais demoradas e de menor porte, permitindo que os traders se concentrassem em atividades com maior valor para a mesa de operações. Afinal, os seres humanos são mais capacitados do que as máquinas para lidar com as atuais incertezas do mercado e com operações mais complexas.

Ajustando os sistemas de automação a condições voláteis

A COVID-19 tem tido um grande impacto no mercado, e os traders e as empresas do buy-side ainda estão aprendendo a se adaptar. Além disto, como os roteadores inteligentes de ordens (SORs) ou os sistemas de negociação baseados em regras devem ser projetados para se ajustarem a condições turbulentas de mercado e ao fato da maior parte dos empregados estarem em home office?

Primeiramente, o sistema precisa ter controles que permitam, ao mesmo tempo, detectar a volatilidade e não desencadear a automação [de negociações] em caso de volatilidade. Além disto, os traders devem ter a possibilidade de ativar/desativar as regras facilmente, conforme julguem apropriado. Se a mesa de operações deseja manter as regras ativas, deve ser capaz de ajustar os parâmetros – por exemplo, as tolerâncias contra os preços composite (compostos) de forma dinâmica. O ideal é que o sistema contenha opções de ajuste de parâmetros de acordo com as condições do mercado. Se a máquina não conseguir executar a negociação, o sistema deve permitir que o trader interfira no processo automático, assuma o controle da solicitação de cotação (RFQ) e execute a transação manualmente.

No caso das empresas que ainda não implementaram a tecnologia de automação, mas que desejam fazê-lo, o primeiro passo é decidir onde estará localizada.  Pode ser no próprio sistema da empresa, onde pode ser controlada na etapa de criação de ordens e quando uma comparação de liquidez pode ser realizada e enviada para a melhor plataforma disponível, ou as decisões de negociação podem ser terceirizadas e utilizar os recursos de automação de plataformas de negociação externas.

Se a tecnologia estiver na empresa, a próxima decisão é até que ponto desenvolver um roteamento inteligente de ordens (SOR) ou adquirir e integrar um disponível no mercado ao sistema da empresa. Atualmente, há uma meia dúzia de provedores de SOR. Ao mesmo tempo, pode ser difícil e demorado implementar um SOR. Assim, as empresas podem optar por utilizar um sistema de negociação baseado em regras oferecido por um desenvolvedor de software que opere no sistema de gestão eletrônica (EMS, na sigla em inglês) e que esteja conectado a uma ou várias plataformas de negociação. Ao escolher entre um SOR ou um sistema de negociação baseado em regras, é necessário levar em consideração algumas variáveis, tais como, acesso à liquidez; controles do sistema, por exemplo, kill switches (botão de parada de emergência); facilidade de uso e personalização de interface – entre outras.

Impacto da automação no futuro profissional pós-COVID-19

No futuro, um maior número de empresas pode adotar formas de trabalho mais flexíveis. Antes da pandemia, era inimaginável que os principais bancos e gestoras de investimentos pudessem trabalhar majoritariamente em home office e ainda operar com a mesma eficiência do passado. De acordo com dados de consenso (disponível apenas em inglês), aproximadamente 5% de toda a mão de obra do Reino Unido passou a trabalhar em casa nos últimos anos. Isto pode aumentar drasticamente nos próximos anos, pois a COVID-19 pode ter um impacto mais duradouro no ambiente físico de trabalho e na forma como as empresas o organizam.

Em termos de automação, as empresas podem aumentar a porcentagem de operações executadas automaticamente em trabalho remoto e manter estas execuções suspensas durante o horário de trabalho. Um sistema flexível de negociação é importante agora e continuará sendo no futuro.

Além de dar tempo aos traders para se dedicarem a tarefas que agregam mais valor, a automação também pode ajudar na retenção de talentos. No “novo normal”, as tecnologias de automação serão um componente de extrema importância para atrair e reter talentos, isto é, os traders do futuro.

Independentemente do que o futuro reserva em termos de volatilidade de mercado e longos períodos de trabalho remoto, a automação tem sido fundamental para o sucesso no cenário atual. A pandemia resultou em uma mudança de foco no desenvolvimento de sistemas para que estes possam ajudar a enfrentar os desafios de momentos como este e dar às empresas do buy-side uma potencial vantagem comercial.

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