Autoridades do Brexit consideram aumentar prazo de transição

Por Ian Wishart com a colaboração de Alexander Weber.

As autoridades do Reino Unido e da União Europeia receiam que a data limite de março para definir o crucial acordo de transição do Brexit não possa ser cumprida, segundo quatro pessoas a par da situação.

Ambos as partes pretendem chegar a um acordo no fim de março sobre os termos do período de dois anos destinado a ajudar as empresas e as instituições a se prepararem para a mudança de regras que ocorrerá com o Brexit. Isso aconteceria um ano antes do dia do Brexit e as empresas informaram que se essa definição demorar muito mais tempo elas começarão a ativar seus planos para o pior caso possível.

Em dezembro, a transição era vista por ambas as partes como uma mera formalidade a ser assinada. Na semana passada, o secretário do Brexit, David Davis, disse que estava “tranquilo” em relação às condições que o bloco está impondo para o período de transição: o Reino Unido terá que acatar as regras da UE, mas não terá voz em nenhuma das novas políticas.

No entanto, em meio à pressão dos eurocéticos, o governo do Reino Unido prometeu enfrentar Bruxelas em relação a algumas das condições, como uma mudança no posicionamento da UE sobre a sensível questão da migração da UE.

Desconfiança

A parte britânica também está preocupada com o fato de que a França, que sempre assumiu uma postura linha-dura nos debates internos da UE sobre o Brexit, possa tentar impedir o avanço. O governo britânico discutiu a possibilidade de que poderia ser do interesse da França atrasar o acordo de transição com o objetivo de reforçar seus esforços para atrair os bancos de Londres para Paris, de acordo com três pessoas, que pediram anonimato.
Representantes do governo francês não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

Davis continua dizendo que a transição pode ser realizada no fim do primeiro trimestre, uma opinião reiterada pelo porta-voz da primeira-ministra Theresa May na quinta-feira. Os representantes que falaram sob a condição de anonimato não descartaram a possibilidade de um acordo em março.

Se o prazo de março não for cumprido, haveria ainda menos tempo para o esboço de um acordo comercial futuro antes da próxima data limite de outubro. A UE afirmou que o acordo final da saída precisa estar concluído até lá, para que o Parlamento da UE tenha tempo de aprová-lo. Davis indicou que o fim de ano pode ser uma meta mais realista para esse acordo final.

Se as decisões forem adiadas, isso também poderia aumentar as chances de que o período de transição possa ser ampliado. Embora a UE estipule a data final para dezembro de 2020 e o Reino Unido afirme que vai demorar “cerca de” dois anos a partir de março de 2019, representantes de ambas as partes dizem confidencialmente que a transição poderia durar mais tempo.

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