Avaliação ‘absurda’ da Air France atrai investidores

Por Andrea Rothman.

Até mesmo para padrões implacáveis do setor de aviação, a Air France-KLM Group é um caso difícil: conflitos sindicais que se tornaram violentos, iniciativas de redução de custos bloqueadas por políticos, operadoras de baixo custo que ocupam agressivamente seu mercado local. Mesmo assim, mais investidores estão começando a comprar suas ações.

A chegada do novo CEO, Jean-Marc Janaillac, que promete uma abordagem conciliadora para os funcionários, em julho, chamou a atenção da Roche-Brune Asset Management, por exemplo. A Air France-KLM progrediu na redução de custos sob o comando do CEO anterior e agora é possível fazer mais reestruturações, segundo a empresa, que comprou quase 600.000 ações no verão no Hemisfério Norte. Como as ações valem a razão “absurda” de 3,1 vezes os resultados estimados, a mais baixa entre as 10 maiores aéreas do mundo, todo progresso dará impulso às ações, segundo a empresa com sede em Paris.

“Levamos em conta a mudança de gestão na decisão de investirmos”, disse Grégoire Laverne, da Roche-Brune, em entrevista. “Sim, a situação dos funcionários é um desafio e vem sendo difícil resolver os conflitos e levar a empresa para a modernidade, mas a Air France está sem saída e acreditamos que está tudo pronto para que a empresa volte a lucrar”.

Laverne faz parte de um pequeno grupo de gerentes de fundos que apostam nisso. Javier Rillo em Zaragoza, Espanha, comprou 950.000 ações da Air France para seu fundo Ibercaja Alpha no verão e a Investors TFI, em Varsóvia, comprou mais de 280.000 ações. O Arrowgrass Capital Partners, um hedge fund com sede em Londres, comprou 1,2 milhão de ações para cobrir a maior parte da sua posição vendida, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Problemas

As ações não são aconselháveis para cardíacos. Por um lado, o cenário competitivo é feroz. Rotas de longa distância operadas pela Air France e pela sua irmã holandesa, a KLM, sofrem com operadores expansionistas da região do Golfo Pérsico, entre elas a Emirates, que estão tomando participação no mercado em voos ao subcontinente indiano e à Ásia. Mais perto de casa, operadores de baixo custo como a EasyJet e a Ryanair Holdings deram uma surra na Air France com as rotas domésticas e europeias. E uma série de atentados na França afetou o setor de lazer e pressionou os preços das passagens.

“Será um longo caminho”, disse Laverne, da Roche-Brun. “Há dois ou três anos, nós não teríamos investido, mas hoje vemos sinais que mostram que é possível progredir. Vamos lucrar com possíveis quedas nos preços das ações para construir nossa posição para nos beneficiarmos com o potencial”.

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