Avanço do Ibovespa com cortes de juros era bem maior no passado

Por Aline Oyamada e Paula Sambo com a colaboração de Vinícius Andrade.

A tentativa mais ambiciosa do Banco Central de impulsionar o crescimento econômico via corte de juros pode dar outro impulso ao Ibovespa, que bateu recorde em setembro. Mas o fato é que os ciclos passados de flexibilização monetária proporcionaram ganhos bem maiores.

A bolsa subiu cerca de 15 por cento desde outubro de 2016, quando o BC iniciou o ciclo mais agressivo de cortes de juros em uma década. A taxa Selic ontem foi reduzida para o menor nível histórico de 7 por cento. No entanto, esse avanço representa menos da metade do observado durante o ciclo de afrouxamento monetário de 2009, um quarto do observado em 2003 e 2004, e apenas um sexto do ganho apurado entre o final de 2005 e meados de 2007.

“Embora cada ciclo tenha suas particularidades, agora a confiança não é tão grande quanto no passado”, disse Evandro Buccini, economista da Rio Bravo Investimentos, que administra R$ 11,8 bilhões em ativos. “A velocidade da recuperação ainda não foi definida, muito menos o resultado das eleições no ano que vem, que são cruciais.”

O Ibovespa recuou após bater recorde em setembro, mas há otimismo. O Bank of America Merrill Lynch prevê que o índice vai saltar quase 20 por cento até o fim de 2018 para 85.000 pontos. Até lá, a expectativa do banco é que a Selic esteja em 6,5 por cento.

“As perspectivas de inflação devem permitir que o banco central reduza ainda mais a taxa”, disse David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch no Brasil.

O Ibovespa foi o índice acionário de melhor desempenho em dólares no mundo inteiro no ano passado, avançando à medida que o País saía da pior recessão em um século. Assim, a razão entre preço e lucro futuro aumentou de 9,4 vezes no início de 2016 para 13,9 vezes, comparado à média em 10 anos de 12,3 vezes.

O impacto pleno da redução dos juros sobre os lucros das empresas ainda não se revelou. Grandes pagadoras de dividendos ainda não voltaram a compensar generosamente os acionistas. Até agora, os dividendos anunciados representam uma fração do que se viu em 2016.

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