Por Roger Merritt, Alastair Sewell e Charlotte Quiniou da Fitch Ratings.
Os tesoureiros das empresas enfrentam inúmeros desafios para investir e financiar o balanço, muitos dos quais são causados pelas iniciativas regulatórias posteriores à crise. Eles veem os baixos retornos como a principal preocupação para os investimentos de caixa, de acordo com uma recente pesquisa entre tesoureiros realizada pela Fitch e publicada mês passado. Para aqueles que gerenciam caixa em dólares norte-americanos, a elevação dos juros pelo Federal Reserve pode ajudar, mas não há nenhum alívio em vista para quem investe em euros, cujos retornos estão decididamente negativos.
O risco da contraparte surgiu como outra preocupação importante para os tesoureiros, aparecendo em segundo lugar na pesquisa da Fitch e surpreendentemente superando os desafios que eles enfrentam como resultado das regulamentações dos bancos e fundos monetários.
O risco da contraparte pode ser um desafio ainda mais intimidador hoje em dia, uma vez que a pesquisa da Fitch foi realizada antes da liquidação do mercado. Por outro lado, o tópico do “caixa retido” e o encolhimento da oferta de investimentos elegíveis não parecem ser uma preocupação prioritária.
No tópico da reforma dos fundos monetários, as preocupações dos tesoureiros são a forma como os retornos serão afetados, a exigência de que os fundos institucionais prime dos EUA implementem tarifas e barreiras, e as dificuldades que devem enfrentar para se adaptarem a esse novo ambiente. A reforma dos fundos monetários entra em vigor nos EUA no final deste ano, e muitos tesoureiros estão apenas começando a se inteirar das implicações para as estratégias de investimento de caixa.
Cerca de 55 por cento dos tesoureiros pesquisados pela Fitch disseram que suas alocações nos fundos institucionais prime permaneceriam iguais ou aumentariam assim que tais fundos migrassem para ativos flutuantes. Isso indica que alguma exposição modesta ao preço de marcação a mercado não é uma preocupação dominante.
As posições de caixa ainda representam grandes quantias nos balanços das empresas, e um número significativo de empresas não segmenta seu caixa nos chamados grupos de liquidez, o que poderia ajudar a gerar mais retorno ao abrir mão de alguma liquidez. Até o momento, os fundos monetários proporcionaram “almoço grátis” de liquidez, preservação de capital e retorno para os investidores. Porém, a aproximação das mudanças do mercado significa que esse “almoço grátis” acabou e que o custo da liquidez diária vai aumentar. Portanto, podemos ver os tesoureiros tornando-se mais abertos para a segmentação de caixa.
Em termos mais gerais, as medidas regulatórias pós-crise estão afetando a liquidez em muitos segmentos do mercado de renda fixa, o que preocupa reguladores, gestores de carteiras e também tesoureiros que buscam acesso a financiamento.
Por fim, a liquidez é a força vital das empresas que buscam gerenciar caixa, acessar financiamento e monetizar investimentos. Um ambiente novo e pós-regulatório está tornando isso cada vez mais difícil.
Quiniou é diretor do grupo de classificação de gestão de ativos e fundos da Fitch Ratings. Sewell é diretor sênior e chefe regional do grupo de gestão de ativos e fundos das regiões EMEA e APAC. Merritt é diretor gerente de classificação global de gestão de ativos e fundos e seguro de crédito.