Por Josué Leonel.
Ao completar nesta terça-feira a rolagem dos swaps cambiais de 1º de dezembro, o Banco Central conclui as ações adotadas para conter a volatilidade que se seguiu à vitória de Donald Trump, que levou o dólar a disparar mais de 8% nos quatro dias seguintes. Outra ação do BC, que vinham sendo os leilões diários de swap tradicional, foi interrompida desde esta segunda-feira. O próximo passo do BC pode ser retomar os leilões de swap reverso. Para isso, no entanto, o dólar ainda precisaria cair mais.
O BC deixou de fazer leilão de reverso desde 9 de novembro, após a eleição de Trump, quando o dólar iniciou sua escalada, fechando a R$ 3,23. No dia anterior, quando o mercado ainda apostava na vitória de Hillary Clinton, o câmbio fechou em R$ 3,17. Este patamar, ao redor de R$ 3,20, é visto agora como uma possível referência para quando o BC retornaria com os leilões de reversos, que, na prática, representam uma compra de dólar futuro.
Embora a turbulência tenha diminuído, ainda há muita incerteza, pois o novo presidente americano só vai assumir em 20 de janeiro, diz Alfredo Barbutti, economista da BGC Liquidez. “Ainda estamos no ponto médio entre o nível anterior do dólar e o ponto máximo que ele atingiu. No preço em que está, o BC não deve fazer swaps, nem voltar com os reversos”.
O mercado já está absorvendo o novo cenário global desenhado após a eleição de Trump e o fluxo está retornando ao Brasil, embora ainda timidamente, diz Italo Abucater, chefe da mesa de câmbio da Icap Brasil. A dinâmica anterior do carry trade, em que o capital externo entra no país para aproveitar o diferencial de juros, já estaria voltando. Para Abucater, o dólar poderá retornar ao patamar de R$ 3,20. Em breve, o BC poderia retomar a política de redução do seu estoque de swaps, interrompida pelo fator Trump.
Mesmo após a queda acumulada pelo dólar nos últimos dias, Renato Botto, gestor de renda fixa da Absolute Investimentos, considera que seria prematuro a retomada agora dos leilões de swaps reversos. “É cedo para BC testar se o mercado se acalmou”, diz o profissional.
O mercado não espera que o BC retome os leilões de swaps tradicionais, que representam a venda de dólar futuro, e nem que antecipe a rolagem dos contratos de janeiro, como fez com os de dezembro. Caso a volatilidade volte aos níveis dos dias posteriores à eleição de Trump, contudo, o BC deverá estar a postos para agir, como foi apontado na entrevista dada hoje pelo diretor Tiago Berriel. Segundo ele, o BC pode recorrer a qualquer instrumento para enfrentar problemas como excesso de volatilidade ou baixa liquidez.
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