Bancos centrais têm visão sombria sobre futuros desafios

Por Richard Miller e Christopher Condon.

Os Estados Unidos e o resto do mundo industrial podem ter que se resignar a um período prolongado de lento crescimento econômico, inflação moderada e baixas taxas de juros. A questão será evitar uma situação ainda pior.

Essa foi a preocupante mensagem da conferência anual da Associação Econômica Americana, que reuniu economistas e representantes de governos do mundo todo em San Diego em um evento de três dias que terminou no domingo.

Apesar de os EUA e outras grandes economias desenvolvidas terem se recuperado da crise financeira de uma década atrás, com forte queda das taxas de desemprego, “ainda não estamos vendo aumentos significativos das estimativas de crescimento da produtividade, das estimativas da tendência de crescimento do PIB” ou da taxa de juros de equilíbrio de longo prazo, que não estimula nem dificulta a atividade econômica, disse o presidente do Federal Reserve Bank de Nova York, John Williams.

“Chegamos à conclusão de que esses fatores são basicamente” os que teremos que lidar nos “próximos cinco a dez anos”, acrescentou.

Se esse for realmente o caso, os governos enfrentam um mundo arriscado. Com o crescimento e a inflação tão baixos, não seria preciso muito para empurrar os países industrializados para o tipo de mal-estar deflacionário que afligiu o Japão depois que suas gigantescas bolhas de ativos estouraram no início da década de 1990. “A experiência do Japão pode acontecer em outros países”, disse o vice-governador do Banco do Japão, Masazumi Wakatabe.

Embora “a política monetária tenha uma representação significativa, é improvável que seja suficiente nos próximos anos”, disse a ex-presidente do Fed, Janet Yellen.

Os EUA, no entanto, estão mais bem posicionados do que outras grandes economias para lidar com dificuldades futuras. Embora o crescimento, a inflação e as taxas de juros nos EUA sejam mais baixos em relação aos níveis vistos no passado, os indicadores estão mais altos do que na Europa ou no Japão.

Apesar dos lentos ganhos de produtividade, os EUA “foram essencialmente o grande vencedor da última era”, disse o ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Kenneth Rogoff.

Os perigos são maiores na zona do euro, onde o Banco Central Europeu foi obrigado a retomar a flexibilização quantitativa para elevar as expectativas de inflação e estimular uma economia em desaceleração.

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