Por Nicholas Comfort
Somente 20 bancos solicitaram uma licença para operar na União Europeia a tempo para receber aprovação antes de o Reino Unido deixar o bloco.
O Banco Central Europeu conversou com 50 empresas financeiras que estudam opções para manter o chamado passaporte que garante o acesso a uma das maiores economias do mundo, disse Pentti Hakkarainen, membro do Conselho de Supervisão do banco. A maior parte dessas empresas não tinha enviado os pedidos até o fim de junho, prazo que, segundo o órgão regulador, os bancos deveriam cumprir para garantir que os pedidos fossem processados antes de o Reino Unido sair da UE em março.
“Estamos trabalhando ativamente para evitar impactos adversos dos bancos que não estão preparados”, disse Hakkarainen em entrevista. “Mas não deveríamos administrar as entidades em nome deles.”
O governo britânico não pretende manter os direitos de passaporte e propôs que ambas as partes reconhecessem as normas umas das outras, plano que foi rejeitado pela União Europeia. Um Brexit sem nenhum acordo de divórcio, o que mergulharia as empresas em um limbo legal, também é possível, já que as negociações contenciosas se arrastam e alguns membros do Partido Conservador da primeira-ministra Theresa May dizem que prefeririam não fazer nenhum acordo a fazer um acordo ruim.
Os negócios transfronteiriços já existiam antes do passaporte e alguns credores talvez estejam apostando em que poderão continuar como antigamente, disse Hakkarainen. Desde o referendo do Brexit, outras autoridades do BCE apontaram que mais de 100 bancos usam suas licenças britânicas para acessar o mercado da UE.
Maior supervisão
Mesmo assim, o BCE não considera o Brexit uma ameaça grave à estabilidade financeira na zona do euro, disse Hakkarainen. “A atividade transfronteiriça entre o Reino Unido e o continente não é tão grande em empréstimos e créditos diretos, nem mesmo no caso de emissão de dívida e ações nos mercados de capital”, disse ele.
O BCE assumiu a supervisão dos bancos europeus no fim de 2014 com a criação do Mecanismo Único de Supervisão (MUS). Esse órgão regulador tem pressionado os bancos a resolverem sua saúde financeira, disse Hakkarainen.
“A maioria dos bancos está indo bastante bem, alguns muito bem”, disse ele. “Também observamos desenvolvimentos positivos em casos problemáticos. A simples existência do MUS ajudou muito. Com essa influência preventiva, os bancos já fazem tudo por conta própria.”
Embora outras jurisdições — como os EUA — estejam diminuindo a carga regulatória sobre os bancos, Hakkarainen sinalizou que os credores europeus não devem esperar um tratamento mais tolerante após as mudanças das principais lideranças do MUS na virada do ano. Ele preferiu não comentar se está interessado no cargo máximo, que Danièle Nouy deixará vago.
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