Por Gavin Finch.
Executivos dos bancos globais estão recuando nos alertas de que a saída do Reino Unido da União Europeia causará um êxodo iminente de profissionais de Londres.
Os executivos estão mais confiantes de que a primeira-ministra Theresa May conseguirá assegurar um período de transição prolongado das regras atuais às que serão negociadas com a UE, de acordo com duas pessoas a par dos planos de contingência das instituições onde trabalham. O cenário deixou mais ameno o discurso de muitos líderes do setor bancário.
“Esperar para ver também é a atitude do UBS em relação ao Brexit”, disse o presidente do conselho do banco suíço, Axel Weber, durante uma conferência na capital britânica na quarta-feira. “Sem dúvida, Londres continuará sendo um importante centro financeiro. O UBS estará aqui.”
A mudança de tom — também evidente da parte do JPMorgan Chase e do Barclays — vem na esteira dos esforços de Theresa May para aplacar temores de que o governo dela não lutaria para proteger o setor financeiro das consequências do Brexit nas negociações que começam no início do ano que vem. O comandante do Banco da Inglaterra, Mark Carney, também defendeu nesta semana um longo período de transição para dar aos bancos uma chance de adaptação.
“Ninguém quer tomar uma má decisão por agir rápido demais diante de tanta incerteza”, disse Daniel Pinto, responsável pela área corporativa e de banco de investimento do JPMorgan. “Estaremos prontos para uma decisão permanente quando tivermos ideia melhor do rumo de navegação.”
‘Atração gravitacional’
Os bancos continuam se preparando para o pior: a perda do direito de vender serviços livremente pela UE a partir de Londres após o fim do período de negociação do Brexit, de dois anos. E estão prontos para iniciar o processo de transferir pessoal para o exterior em questão de semanas após a entrada em vigor do Artigo 50, prevista para março. Isso porque Theresa May ainda precisa convencer autoridades da UE a concordarem com um período de transição.
No entanto, os executivos dos bancos suspenderam os alertas em relação a um pandemônio e as ameaças de mudança para longe do Reino Unido, que circularam antes e depois do referendo de junho.
“Não acho que Londres perderá sua atração gravitacional em termos de gestão de capital em qualquer período de tempo razoável”, disse o presidente do Barclays, Jes Staley, durante uma conferência nesta semana. “Eu não subestimaria de modo algum a capacidade do Reino Unido de permanecer tão criativo como tem sido historicamente.”
Antes do referendo, o presidente do JPMorgan, Jamie Dimon, disse que relocaria até 4.000 funcionários para o continente após o Brexit. Em setembro, o UBS afirmou que talvez precisasse retirar 1.500 profissionais de Londres após o Brexit, o equivalente a 30 por cento de seu quadro de pessoal no Reino Unido. Naquele mesmo mês, um dos principais executivos do JPMorgan na Europa disse que haveria “pandemônio” a menos que fosse acordado um período de transição.
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