Bancos europeus vão pagar bônus menores do que os americanos

Por Stefania Spezzati e Donal Griffin.

Para os bancos de investimento europeus que depositaram as esperanças na volta dos bônus generosos, 2017 prometeu muito e entregou pouco.

Os profissionais que negociam ativos financeiros na Europa vão receber os menores bônus em anos, diferentemente dos americanos e do pessoal que trabalha com fusões e aquisições.

Barclays, Deutsche Bank e Credit Suisse Group estão entre os bancos que já reduziram a compensação nos últimos anos. É provável que o total a ser distribuído em bônus aos traders de renda fixa diminua pelo menos 10 por cento, forçando as instituições a dar algumas “rosquinhas” (ou “doughnuts”, jargão do meio para zero de pagamento), segundo recrutadores e executivos. Quem assessora fusões e aquisições provavelmente se sairá melhor, de acordo com eles.

A receita gerada nas transações com títulos e moedas — um dos maiores negócios para os bancos europeus — caiu em 2017, decepcionando quem apostava que as oscilações dos juros reativariam as atividades dos clientes. A queda aumentou o desafio da compensação de funcionários para os bancos em todo o continente, que são pressionados a cortar custos, mas precisam reter talentos e enfrentar a concorrência com rivais dos EUA.

“Espero reduções generalizadas entre os bancos europeus”, disse Jon Terry, sócio da divisão de serviços financeiros da PricewaterhouseCoopers em Londres, que dá consultoria a bancos sobre remuneração. “Os resultados não foram tão bons quanto se pensava e já há pressão para reduzir — não para manter — a compensação. O que observamos em 2017 é a junção desses fatores.”

Os bônus de alguns traders de renda fixa podem diminuir até 25 por cento, pelos cálculos de Terry. Segundo ele, quem não receber qualquer premiação neste ano não será exceção.

De Londres a Zurique, os principais executivos dos bancos estão dando sinais de alerta. No Barclays, o responsável pela área de banco de investimento, Tim Throsby, já indicou que vai reduzir o total a ser distribuído na forma de bônus a empregados da unidade de valores mobiliários e que vai ampliar a distância entre aqueles que recebem aumentos salariais e aqueles sem tanto “zelo competitivo”. O presidente do Credit Suisse, Tidjane Thiam, falou para os funcionários não esperarem aumento “espetacular” na remuneração.

O UBS Group, que atua mais com serviços de assessoria do que muitos bancos de investimento, pode ter desempenho melhor que seus concorrentes europeus. Andrea Orcel, que comanda a unidade, informou que o ano foi “neutro positivo, não neutro negativo”. Outro que se destaca é o Royal Bank of Scotland Group, controlado pelo governo britânico, que avisou que o total a ser distribuído em bônus terá pouca variação neste ano – mas após uma década de cortes.

Números horríveis

As surpresas geopolíticas de 2016 – como a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia e a eleição de Donald Trump à Casa Branca – causaram volatilidade e garantiram trimestres lucrativos para os bancos. Analistas esperam mais do mesmo neste ano diante das consequências dessas escolhas eleitorais, além do potencial de surpresas nas urnas na Alemanha, Holanda e França. No entanto, a incerteza tão desejada pelos que negociam ativos financeiros desapareceu, à medida que os bancos centrais continuaram injetando bilhões de dólares nas economias e os mercados financeiros avançaram tranquilamente.

Os números são horríveis. Em nível global, a receita gerada pelos contratos vinculados a juros praticados no Grupo dos 10 — o maior negócio de renda fixa dos bancos — desabou 11 por cento neste ano para US$ 19 bilhões. No caso das negociações cambiais, a queda foi de 21 por cento para US$ 5,3 bilhões e, para o crédito, de 1 por cento para US$ 11 bilhões, segundo a Coalition Development. A receita combinada gerada por negócios com ações recuou 3 por cento para US$ 32 bilhões.

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