Bancos tentam acelerar transferências internacionais de dinheiro

Por Olga Kharif.

Na busca por uma forma de transferir dinheiro internacionalmente mais rápida e fácil de monitorar, há alguns anos os bancos convergiram para a Ripple, uma plataforma financiada por eruditos do Vale do Silício e instituições financeiras globais.

Agora a situação se complicou. Estão surgindo novas opções que, como a Ripple, empregam a famosa tecnologia blockchain para enviar e registrar transações internacionais. Para os bancos, o desafio é definir rapidamente um padrão para se defender de rivais como TransferWise e Cambridge Global Payments, que estão ficando com uma parte dos US$ 30 trilhões por ano em transações internacionais entre empresas.

“Se não administrarem a rede, os bancos não vão obter receita com transações”, disse Alenka Grealish, gerente da Boston Consulting Group com foco em serviços bancários de transações globais. Bancos ganham dinheiro com cada transação internacional e com moedas estrangeiras.

O debate sobre a tecnologia das transações colocou a Ripple na maior batalha de seus cinco anos de existência, contra concorrentes que muitas vezes são maiores, além de inovadores e ágeis. A plataforma é desenvolvida por uma startup de São Francisco, também chamada Ripple, que conta com financiadores como as empresas de capital de risco Andreessen Horowitz e Google Ventures e os bancos Standard Chartered e Banco Santander, mediante seu braço InnoVentures.

Vantagem

A Ripple pode levar vantagem por ser a empresa mais avançada no desenvolvimento. A empresa está trabalhando com mais de 90 bancos, dos quais mais de 10 já implementaram a tecnologia da Ripple na produção – ou seja, ela já facilita transações reais, mesmo que atualmente fluam entre funcionários dos bancos. O Standard Chartered planeja realizar uma prova-piloto da tecnologia com clientes empresariais no segundo trimestre deste ano, disse Gautam Jain, executivo do banco.

Como 15 por cento dos bancos planejam implementar blockchains comerciais completos neste ano, um exército de concorrentes da Ripple está surgindo. Entre esses rivais estão veteranos do setor financeiro, como a Visa, e novatos, como a MonetaGo e a Enterprise Ethereum Alliance, que inclui o JPMorgan Chase & Co.

Swift, a rede que possibilita que os bancos transfiram dinheiro em mensagens financeiras desde a década de 1970, também terá sua tecnologia atualizada. Envolvendo mais de 90 bancos, a atualização permite usar os fundos no mesmo dia, oferece transparência nas taxas e outros recursos solicitados pelos clientes há tempos. Neste ano, Swift também começou a testar a utilização do blockchain do consórcio Hyperledger.

O Hyperledger leva vantagem sobre a Ripple porque ele não se concentra exclusivamente em pagamentos internacionais e pode ajudar os bancos a modernizar muitas partes de suas empresas, disse Brian Behlendorf, diretor executivo do Hyperledger.

“É a diferença entre o Microsoft Windows e o Microsoft Word”, disse Behlendorf.

Comparação

A concorrência entre a Ripple e suas rivais para se tornar o novo padrão para as transferências internacionais é parecida com os primórdios das gravações em vídeo, quando VHS e Betamax disputavam a supremacia, disse Jain, do Standard Chartered.

“Você aposta naquilo que acha mais forte”, disse ele. “Se isso não der certo, estamos dispostos a reavaliar.”

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