Por Anurag Rana e Caitlin Webber.
Limites à emissão de vistos H-1B podem reduzir a expansão e os lucros do setor de serviços de tecnologia da informação
Empresas offshore que prestam serviços de TI podem se deparar com limites ao programa de vistos dos EUA que ameaçam reduzir severamente o crescimento de suas receitas e sua lucratividade. O setor vem se preparando para quando o presidente Donald Trump assinar uma ordem reformulando o programa H-1B de vistos para trabalhadores estrangeiros altamente qualificados e também para duas propostas de lei que tramitam na Câmara de Deputados, que elevariam o salário anual mínimo desses profissionais de US$ 60.000 para mais de US$ 100.000. Os lucros das universidades também podem ser prejudicados se houver redução das matrículas por estudantes estrangeiros — grupo bastante visado por empresas americanas de tecnologia e outros setores em busca de talentos.
A reformulação do programa de vistos H-1B pode limitar as matrículas de estudantes estrangeiros
O fluxo de estudantes estrangeiros para universidades dos EUA pode diminuir substancialmente se forem efetivadas grandes mudanças no programa de vistos H-1B, como a imposição de salário mínimo e a eliminação do sistema de loteria. Esses alunos são contratações valiosas para a indústria de alta tecnologia dos EUA e para outros setores. Contudo, os empregadores podem hesitar em contratar esse pessoal se houver risco de investigação ou encargo financeiro maior, o que, por sua vez, afastaria potenciais alunos dos centros de ensino dos EUA. Esta questão pode ser pior para estudantes de áreas não relativas a ciências.
Tata e Infosys vão contratar mais nos EUA diante das restrições à imigração
Tata Consultancy Services e Infosys pretendem contratar mais gente nos EUA, diante da possibilidade crescente de novas restrições à imigração entre as empresas offshore de serviços de TI. Nesse setor, é possível que as companhias tentem fazer mais aquisições nos EUA para ampliar sua presença. Essas empresas provavelmente aumentarão a utilização de funcionários para compensar as pressões sobre os lucros e manter as margens, ao mesmo tempo em que expandem a presença em países de custo menor no mesmo fuso horário, a fim de melhor servir os clientes.
Proposta de lei de Issa impactaria margens de TI, não o modelo de negócios
A proposta de lei de imigração apresentada por Darrell Issa (deputado republicano que representa a Califórnia) elevaria o salário anual mínimo de um trabalhador com visto H-1B de US$ 60.000 para US$ 100.000, afetando as margens das empresas offshore de serviços de TI, mas não tanto seus modelos operacionais. Diferentemente de uma proposta apresentada em 2013, a ideia de Issa não tem uma cláusula que impeça empresas que solicitam vistos H-1B de alocar esses funcionários nas dependências do cliente. Empresas offshore podem ajustar a utilização de funcionários e o mix de pessoal offshore-onshore para compensar a pressão sobre as margens.
Lei de imigração pode inadvertidamente transferir mais trabalho de TI para o exterior
Dentro do modelo de negócios atual, a maioria das empresas offshore de serviços de TI realiza aproximadamente 70% do trabalho a partir de locais offshore de menor custo e 30% a partir da localização dos clientes, que costuma ser mais cara. O aumento de salários para funcionários que trabalham em regiões de maior custo pode obrigar clientes a transferir mais trabalho para o exterior se não estiverem dispostos a compartilhar os custos maiores. O aumento da conectividade e melhorias nas ferramentas de colaboração também podem estimular essa transição.
O governo Trump provavelmente limitará a emissão de vistos para trabalhadores estrangeiros altamente qualificados – uma mão de obra da qual o setor de serviços de TI depende bastante. Em 28 de fevereiro, analistas da Bloomberg Intelligence oferecerão um webinar para discutir propostas para Trump, legislação e perspectivas de efetivação. Participe!