Batalha da Brexit se torna mais amarga com liderança da ‘saída’

Por Matthew Campbell, Emma Charlton e Robert Hutton com a colaboração de Ryan Chilcote.

A amargura da elite política e econômica britânica se intensificou porque aqueles que fazem campanha pela saída da União Europeia ganharam uma vantagem estável nas pesquisas de opinião a uma semana do referendo.

Um dia após o chanceler do Tesouro George Osborne ter sido acusado pelos apoiadores da chamada Brexit de fazer alarmismo econômico, o presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, respondeu às acusações de que sacrificou sua independência para apoiar o governo.

Os pedidos dos líderes da UE, formada por 28 países, para que o Reino Unido permaneça no grupo e as acusações de má-fé de ambos os lados no Reino Unido ressaltaram a turbulência que virá após o referendo de 23 de junho, independentemente do resultado. O primeiro-ministro David Cameron enfrentará dificuldades para unificar seu partido conservador caso o Reino Unido decida votar pela saída da UE e poderá ser retirado do cargo se seu lado for derrotado.

“Se ele vencer, os cerca de dois terços dos integrantes do partido conservador que são eurocéticos jamais perdoarão Cameron”, disse Jon Davis, professor da King’s College London. “Embora o partido conservador acredite em vencedores, esta é a batalha que muitos deles desejam que ele perca”.

Diferença pequena

Uma pesquisa da Ipsos MORI para o jornal Evening Standard divulgada na quinta-feira mostrou 53 por cento de apoio para a saída e 47 por cento para a permanência, excluindo os indecisos. A pesquisa telefônica com 1.257 adultos, a mais recente de uma série de consultas que mostrou uma liderança estável do lado anti-UE, foi realizada de 11 a 14 de junho. Outra pesquisa, IG Group/Survation, mostrou 45 por cento de apoio à saída e 42 por cento para a permanência, com 13 por cento de indecisos.

“Até a manhã de hoje eu teria dito que, fazendo um balanço das probabilidades, o lado da permanência era o favorito”, disse John Curtice, professor de política da Universidade Strathclyde em Glasgow, à BBC. “Já não temos um favorito neste referendo. Há uma séria possibilidade de que se decida pela ‘saída’”.

Embora os indicadores de volatilidade do mercado a curto prazo tenham subido neste mês, sugerindo que os investidores estão preocupados, outros indicadores pintam um quadro mais otimista. A libra subiu 1,6 por cento desde o fim de fevereiro e as casas de apostas dizem que os clientes ainda mantêm mais dinheiro no lado da “permanência” do que no da “saída”, ao mesmo tempo em que reduziram as probabilidades de Brexit.

Nesta quinta-feira, o Banco da Inglaterra repetiu seu alerta de que a saída do bloco poderia “afetar materialmente” a perspectiva para a produção e a inflação. Outros bancos centrais, incluindo o Federal Reserve, dos EUA, e o Banco do Japão citaram o referendo como um fator para suas escolhas de política monetária nesta semana.

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