Por Gerson Freitas Jr. com a colaboração de Lydia Mulvany.
As múltis alemãs Bayer e a Basf devem iniciar neste ano as vendas de suas novas variedades geneticamente modificadas de soja no Brasil, entrando em um mercado dominado há quase duas décadas pela Monsanto.
A Bayer CropScience deve colocar no mercado suas sementes resistentes ao herbicida glufosinato de amônia na safra 2016/17, que começa a ser plantada em outubro. Os novos transgênicos são uma alternativa às sementes da Monsanto, resistentes a outro herbicida, o glifosato. O lançamento marca a volta da Bayer ao mercado brasileiro de sementes uma década depois de vender seus ativos de soja e milho no país.
O Brasil abraçou o cultivo de transgênicos. As lavouras geneticamente modificadas para sobreviver às aplicações de glifosato já são 94% de toda a soja plantada no Brasil, segundo a consultoria Céleres. No entanto, o glifosato vem perdendo eficácia após duas décadas de uso intensivo, abrindo caminho para que outras empresas tentem abocanhar uma fatia desse mercado.
“Nós acreditamos muito na dinâmica do mercado de controle de ervas daninhas no Brasil”, disse Eduardo Mazzieri, diretor da unidade de sementes da Bayer no Brasil, na terça-feira, em entrevista em Não-Me-Toque, Rio Grande do Sul. “Seguimos muito otimistas com as perspectivas para a agricultura no Brasil”.
Aquisições no Brasil
A Bayer vai enfrentar a dura concorrência da Monsanto, que aposta no crescimento da soja Intacta RR2 no país. O cultivo das sementes Intacta na América do Sul deve dobrar em 2016, para 14 milhões de hectares, e pode chegar a 30 milhões de hectares até 2019, afirma Sara Miller, porta-voz da empresa com sede em St. Louis, EUA. A Intacta não é resistente apenas à aplicação do glifosato, mas também a insetos. Além disso, oferece rendimentos potencialmente mais elevados.
A variedade Liberty Link da Bayer, comercializada desde 2009 nos EUA, foi aprovada pelas autoridades brasileiras em 2010. Desde então, a empresa com sede em Leverkusen adquiriu cinco empresas de sementes de soja no Brasil como parte do plano de aumentar sua presença no mercado doméstico. As sementes transgênicas serão plantadas por até 2.000 fazendeiros no Brasil neste ano, disse Mazzieri. Ele preferiu não fornecer detalhes sobre áreas ou volumes de vendas.
Colheita recorde
Assim como a Bayer, a Basf também pretende entrar no mercado brasileiro com novas sementes de sojas resistentes a herbicida na próxima safra. As sementes da Basf foram desenvolvidas em parceria com a Embrapa, empresa de pesquisa estatal brasileira. O potencial comercial da variedade Cultivance, da empresa, “está diretamente relacionado aos crescentes problemas com o controle de ervas daninhas” . A empresa pretende ter até 10 por cento do mercado de soja nos próximos anos, disse a Basf em resposta por e-mail.
A soja responde por cerca de metade da produção total de grãos e fibras do Brasil. Segundo previsão da Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, a colheita deste ano atingirá uma marca recorde, superando a barreira das 100 milhões de toneladas. Os produtores ampliaram o plantio impulsionados pela desvalorização do real em relação ao dólar, o que torna as exportações brasileiras mais competitivas. Os embarques ao exterior aumentariam em 7 por cento em 2016, para um recorde de 57 milhões de toneladas, após uma expansão de 18 por cento no ano passado, disse a Associação Nacional de Exportadores de Cereais, a Anec, em janeiro.
“Continuamos muito otimistas em relação às perspectivas para a agricultura no Brasil, tanto no curto quanto no longo prazo”, disse Mazzieri.
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