Por Cristiane Lucchesi e Francisco Marcelino.
O Banco do Brasil está preparando uma oferta pública de ações de pelo menos uma fatia de sua participação majoritária no banco argentino Patagonia como parte da iniciativa de vender ativos para levantar capital.
“Achamos que conseguiremos um preço melhor por meio da oferta adicional de ações”, disse o presidente do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli, na quinta-feira, em entrevista em São Paulo. A venda pode ocorrer já no ano que vem, dependendo das condições de mercado, disse ele.
O banco vem considerando uma oferta secundária de ações do Patagonia ou uma venda para outra instituição financeira à medida que tenta aumentar sua rentabilidade por meio do fechamento de agências e do incentivo à aposentadoria de seus funcionários. Caffarelli classificou a decisão sobre a operação do banco na Argentina, com valor de mercado de US$ 1,7 bilhão, como uma “espécie de escolha de Sofia”, em referência ao romance de 1979 de William Styron no qual uma mulher polonesa à caminho de um campo de concentração alemão é forçada a decidir qual de seus filhos permaneceria vivo.
Na oferta secundária, o Banco do Brasil poderia vender recibos equivalentes a ações (ADRs, na sigla em inglês) do Banco Patagonia em Nova York e ações da unidade na Bolsa de Buenos Aires, diz Bernardo Rothe, diretor de relações com investidores, na mesma entrevista.
BBVA, Itaú
Se o Banco do Brasil decidir vender sua participação a outro banco, o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, que busca aquisições na Argentina, estará entre os potenciais compradores.
“Não há dúvida de que as operações deles são perfeitamente compatíveis com as nossas”, disse Martín Zarich, CEO da unidade argentina do BBVA Banco Francés, em 23 de novembro, sobre o Patagonia. “Nós estudaremos os detalhes, o que ainda não fizemos porque não está confirmado que o negócio está na mesa.”
O Itaú Unibanco está entre os bancos que estudam adquirir o Patagonia, disseram pessoas com conhecimento do assunto em outubro, em uma aquisição que poderia alcançar cerca de US$ 1,5 bilhão, 2,5 vezes seu valor contábil. O Patagonia, que tem sede em Buenos Aires, atualmente é negociado em cerca de 3,1 vezes seu valor contábil, segundo dados compilados pela Bloomberg. Instituições locais como o Banco de Galicia Y Buenos Aires e o Banco Macro também são potenciais compradores do Patagonia.
Os bancos buscariam um desconto em relação ao valor de mercado devido à inflação na Argentina, disseram as pessoas.
O Banco do Brasil, que tem sede em Brasília e é o maior banco da América Latina em ativos, contratou o JPMorgan para ajudá-lo a vender sua participação de 58,6 por cento no Patagonia, disseram pessoas com conhecimento do assunto em agosto.
“O Patagonia é o sexto maior banco da Argentina, com cerca de 200 agências, por isso precisamos analisar, juntamente com os outros acionistas, a melhor oportunidade e precisamos esperar pelo momento certo para vendê-lo”, disse Caffarelli.
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